
domingo, 29 de junho de 2008
Carta para Mari


quarta-feira, 25 de junho de 2008
Canteiros
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem
me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
sábado, 21 de junho de 2008
Se tem um feriado mais importante que o Natal, é o São João no Nordeste. Eu, como legítima paraibana,e nascida na cidade do Maior São João do Mundo, fico comovida com a união dessa época, onde em cada esquina há pessoas celebrando, dançando forró e comendo delícias do milho. Acho que é um Natal fora de época. E o melhor é ver as fogueiras nas ruas, derretendo os corações, colocando mais brasa no espírito de cada um, que, durante alguns dias, "olha pro céu e vê como ele está lindo"...terça-feira, 17 de junho de 2008
Contra-sensos do Brasil
Só para acabar minha inspiração e as postagens desta semana( já que minha atenção volta-se a outros assuntos neste momento), não posso deixar de comentar que terei de rever a minha primeira aula de Seguridade Social, agora no segundo semestre. Isso porque, ao explicar os princípios que regem a Seguridade, falo de um deles, o da Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços. Eu sempre dizia, como exemplo: "Como não dá para beneficiar todo mundo, o governo seleciona aqueles riscos sociais mais relevantes, e distribui os benefícios para aqueles que mais precisam. O que é mais importante: auxílio-balada, para quem ganha mesada, ou bolsa-família, para quem não tem o que comer?"
No último sábado, enquanto eu assistia pela primeira vez, "La Dolce Vita", meu Pai me perguntou se já havia passado a cena de Marcelo Mastroianni ( que voz...) e Anita Ekberg (quanta fartura...) no famoso banho na Fontana. Achei o filme atualíssimo, tanto que estranhei o fato dele estar em preto e branco...Mostra a decadência de uma high society vazia e imoral. O coitado do Marcello queria ser escritor e acaba completamente envolvido pela modo frívolo de viver daquela época, cuja falta de sentido faz seu amigo- a quem Marcelo nutria inveja pela vida, aparentemente, perfeita- se suicidar e assassinar os próprios filhos. Também me chamou a atenção os fotógrafos parecerem abutres a clicar os famosos, e soube depois que vem deste filme a expressão "paparazzi", já que um dos fotógrafos é "Paparazzo",amigo de Marcelo. O final é triste- por sinal, o filme é beem longo- à beira mar,com um "monstro" morto. Parece que o fim da "doce vida" é amargo...segunda-feira, 16 de junho de 2008

sábado, 14 de junho de 2008
Assisti "O sétimo selo" hoje. Filme antigo, do "famigerado" Bergman. Eu ainda estou pensando sobre o diretor ter colocado Deus, o Diabo,o Homem e o Vazio numa mesma perspectiva. "Não há respostas" foi uma das frases que ainda estão ecoando na minha cabeça, assim como ser melhor morrer de amor. Também tem muito do folclore europeu, que eu não conhecia, e achei muito alentador o final com todos os personagens dançando. Mas confesso que não dá para falar do filme, assim, com poucas horas depois de tê-lo assistido.Preciso digerir os simbolismos...Mas pensei, ao ver que só os saltimbancos apaixonados do filme sobrevivem, naquela trecho do Eduardo Galeano em que ele diz:
"Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar.Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa:É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem.Ou seja: ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca."
E é essa gente que vive. E sobrevive.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Quem não tem namorado?

"Quem não tem namorado é alguém que tirou férias de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namoro de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas, namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado, não é que não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter um namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa é quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas: de carinho escondido na hora em que passa o filme: de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'agua, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos e musical da Metro.Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo, e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela.Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uam névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteira: Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. Enlou-cresça."
(Artur da Távola)
domingo, 8 de junho de 2008
Hoje um amigo soltou a frase:"Não agüento mais estudar pra concurso, tô infeliz demais."Eu nem ia dizer muita coisa, porque tem horas em que o melhor aconchego é o silêncio, é saber que a gente pode contar nossas angústias sem tanto medo de ser censurado. Mas confesso que não consegui escutar essa frase sem falar nada. Tirei da minha bolsa esta foto aí e falei: "imagina se ela pudesse estudar pra concurso!".quarta-feira, 4 de junho de 2008
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal, tout ça m'est égal
Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié
Je me fout du passé
Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux
Balayés mes amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars a zéro
Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal, tout ça m'est bien egál
Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Car ma vie, car mes joies
Pour aujourd'hui
Ça commence avec toi
