quinta-feira, 27 de maio de 2010

Hoje é aniversário do meu futuro marido (mais precisamente, faltam exatos 6 meses). E ele merece sorrisos todos os dias, por ser quem é. Um dia, quando eu estiver mais corajosa pra falar, eu escrevo aqui sobre este rapaz que conseguiu me laçar por completo.

"Natal caiu em fevereiro
É carnaval o ano inteiro
Só com você, poderia ser..."


Obrigada, Elias Asfora, por me devolver à melhor parte de mim. ;)

terça-feira, 18 de maio de 2010

O melhor

"Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o “top de linha”, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também.
E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?
O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos".
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, masvai me dar a chance de estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
SERÁ QUE A GENTE PRECISA MESMO DE MAIS DO QUE ISSO?
Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu? "
Leila Ferreira*


*Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutora em Comunicação, em Londres. Apesar disso, optou por viver uma vidinha mais simples, em Belo Horizonte.

sábado, 15 de maio de 2010


Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando: parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.


(Adélia Prado)

sábado, 8 de maio de 2010

Acabei de assistir "As Invasões Bárbaras", do diretor Denys Arcand. Achei que ia dormir no meio do filme, pois apertei o play às 23h, mas não apenas não desgrudei o olho da tela como sinto que vou demorar a dormir. Um filme lindo, emocionante, engraçado, sensível, que me fez relutar em não chorar, mas acabei soluçando com cenas que mexeram com espaços intocáveis aqui dentro. Ao mesmo tempo, rende boas risadas e percepções diferentes: os mais velhos do filme são os que mais riem de si mesmos e da vida, os mais jovens parecem sempre perdidos (alguma semelhança com o mundo?). Diálogos verdadeiros, doloridos, resignados. Calma, aviso aos navegantes: talvez nem todo mundo goste do filme. Só os que sabem sentir.

sexta-feira, 7 de maio de 2010



Se não puderes ser um pinheiro,no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.

Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser uma ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.

Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.


(Pablo Neruda)