terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Anúncio

Morri de rir quando vi essa propaganda lá em Brasília e tirei uma foto.Lá está a promoção na qual se ganha uma torta grátis (esta que o rapaz segura) com os dizeres:"-Me leve grátis". E lá embaixo se diz, para ninguém fazer mal juízo: "*Apenas a torta." Hm... será que alguém iria pensar que o loirão viria junto?

Bem, com o perdão dos gaúchos, se vcs repararem, a doceria é de Pelotas-RS...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Florbela Espanca

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!
Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Te amo,Brasília


Hoje é meu último dia aqui em Brasília. Estou triste. Pra variar, sempre me apego fácil às pessoas e aos lugares em que finco o pé. Não sei bem se parto com a sensação de dever cumprido ou vou embora sentindo ingratidão, por ter dado a Brasília menos amor que ela merecia. Uma cidade que em tudo se assemelha a uma "ilha" e por isso mesmo é obrigatório passar um tempo aqui. Brasília me ensinou a dar muito mais valor às pessoas, porque aqui o valor dado às coisas é bem grande. Aprendi a ser sozinha, a vislumbrar toda minha vida sob um ponto de vista completamente diferente. Me profissionalizei, aprendi a pôr foco nas coisas, sobretudo alarguei meus horizontes de uma forma indelével. Fiz com que as pessoas olhassem para a Paraíba de uma forma mais bonita,e não pejorativa. Valorizei minhas raízes como nunca e aprendi a ter saudades do jeito certo. Daquele jeito que só quem cresceu sente e sabe que precisa calar o coração às vezes, para que a mente possa se desenvolver. E por incrível que pareça, aqui foi o lugar onde meu coração ficou maior, porque encontrou espaço para mais gentes e mais sentimentos.
Hoje eu sei que cada mudança traz em si dores e delícias, e só mesmo mudando sempre é podemos continuar do mesmo jeito, ainda que com uma bagagem cada vez maior nos ombros.
E o melhor é que quanto mais bagagem, mais leveza a gente carrega.
E como já cantava Alceu...

-Qual é o seu nome?
-Me chamo Brasília
Sabia que um dia
Ia te encontrar
Ela só queria
Eu quase acredito
Quebrar o meu mito
E me abandonar...
Se teu amor foi
Hipocrisia!
Adeus Brasília
Vou morrer de saudade
Se teu amor foi
Hipocrisia!
Adeus Brasília
Vou prá outra cidade...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Hoje é aniversário do rapaz mais lindo do mundo!

Não sei quanto o mundo é bom
Mas ele está melhor
desde que você chegou
E explicou
O mundo pra mim

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A Gaia Ciência

Fui pra Pirenópolis neste fim-de-semana e tive a certeza de que eu tinha uma vida pulsando aqui dentro. A começar pela estrada, que exaltava nas bordas uma paisagem verde de encher os olhos. As pessoas simples, o tempero gostoso, a música sertaneja (eu, que tinha tanto preconceito, comecei a pensar que aquelas letras ingênuas e românticas tinha tudo a ver com a simplicidade do lugar...).

Andei a cavalo, depois de tanto tempo. Imediatamente voltei aos meus 9 anos, quando meu avô me ensinou a segurar as rédeas. Senti falta dele e olhei pro Céu, na esperança de ver aquele sorriso largo, de orgulho por eu ter aprendido...Acariciei o cavalo e disse: "ó vovô olhando!"
No fim da trilha, vi a primeira, das 6 cachoeiras daquela tarde. Foi a primeira vez que vi uma cachoeira na vida, e chorei. Chorei por não saber o que fazer diante da magnitude das coisas. Chorei por sujar a água transparente com meus pés que não sabem onde ir. Chorei porque vi Deus sorrindo na borboleta colorida que passava. Chorei por entender que as quedas d´água (ou da vida), por maiores que fossem, desembocava em um rio calmo. Chorei sobretudo, por estar viva, por gratidão.

Segundo Nietzsche a vida é um "eterno retorno", porque necessitamos e temos a obrigação de errar e voltar a errar quantas vezes for necessário desde que não cometamos o primário erro humano de levarmos uma vida dentro de um ciclo de mesmices. Essa teoria de Nietzsche me convenceu sempre a buscar uma vida de liberdade, que valhesse a pena ser vivida, embora o cotidiano de rotina e desejos fúteis me seduzissem algumas vezes. Me descobri filosofando sobre isso, embaixo da imensa queda d´água que me puxava pra baixo, para aquela vida normal. E eu subia, mesmo contra toda aquela força, e me descobria apaixonada...de longe, emergindo, sorrindo, muito mais feliz.

"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"

(Trecho de " A Gaia Ciência").

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Dia de "Música"...

Música
Vanessa Da Mata

Nosso sonho
Se perdeu no fio da vida
E eu vou embora
Sem mais feridas
Sem despedidas
Eu quero ver o mar
Eu quero ver o mar...

Se voltar desejos
Ou se eles foram mesmo
Lembre da nossa música
Música
Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Nossas juras de amor
Já desbotadas
Nossos beijos de outrora
Foram guardados
Nosso mais belo plano
Desperdiçado
Nossa graça e vontade
Derretem na chuva

Se lembrar dos tempos
Dos nossos momentos
Lembre da nossa música
Música

Um costume de nós
Fica agarrado
As lembranças, os cheiros
Dilacerados
Nossa bela história
Está no passado

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Caio Fernando de Abreu

Na falta de palavras, o Caio escreve...

Pequenas epifanias

"Dois ou três almoços, uns silêncios.Fragmentos disso que chamamos de “minha vida”. Há alguns dias, Deus – ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus –, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor.
Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer – eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom.
Não me entenda mal – não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de “minha vida”. Outros fragmentos, daquela “outra vida”. De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.
Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.
Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração.
Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector – Tentação – na cabeça estonteada de encanto: “Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível”. Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.
De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir.
Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou – descuidado, também – em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.Era isso – aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor.
Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome."

Metáforas

Sobre a noite

não é difícil congelar a cena,
quando podemos cruzar o cenário
e costurar uma estrela:
pequeno botão que fecha a noite
antes do dia se abrir.

(Rita Apoena)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Caminito...


Que bom voltar ao refúgio. No meu trabalho, infelizmente, não tenho acesso ao blog e em casa,muito menos. Mas, pra ser bem clichê, o bom filho à casa torna e estou aqui. E pra ser ainda mais literal no clichê, estou voltando pra casa nos próximos dias. Não exatamente pra casa, mas pra Pernambuco, que é vizinho da Paraíba.

E todo mundo deve achar que isso é o melhor que poderia me acontecer, por causa da saudade que eu espalhava aos quatro ventos. Mas confesso que sou uma reles humana, e alguns humanos geralmente não sabem bem o que querem. Acostumam-se com o conhecido, amam o confortável, desejam o esperado. Mudar de novo, ao mesmo tempo que instiga, assusta. Fico imaginando que meu coração fica perguntando à minha mente: "-Mas o que diabos está acontecendo? Por que estou sentindo de novo um sentimento de despedida, de saudade, de amor, de perda, de alívio? O que é isso?"

Eu acho que poderia responder ao coração dizendo que isso se chama vida. Um caminho que se faz a cada dia, quando não nos cansamos com o primeiro passo. Ninguém sabe ao certo onde o caminho nos leva, mas é certo que é preciso caminhar, seguir em frente rumo ao que nascemos pra ser. Se a gente se acomoda com o que nos é conhecido e confortável, talvez o nosso destino seja a resignação de nos tornamos só uma terça parte do que verdadeiramente somos.


A filosofia budista assegura que Deus tem um caminho para cada um, permeado de felicidade, saúde, sucesso. Se insistirmos em seguir caminho diverso, jamais experimentaremos o que Ele nos reservou. Se você nasceu pra ser cantor, e teima em ser bancário, você não vai ter a vida que merece. E ninguém há de dizer "-Mas foi Deus quem quis" ou "-Esta é minha sina". Eu não acredito nisso. Acredito em destinos traçados sim, mas pelo esforço, pela coragem, pela decisão de aceitar que se nada deu certo, não há outro culpado senão nossas próprias escolhas.

Não quero dizer com isso que as mudanças não dão calafrios na espinha. E é por isso que mudamos junto com elas. Não tem preço que pague a possibilidade de mudar. E o bom é que as possibilidades existem o tempo todo, bem à nossa frente, sem que a gente perceba.


Eu só falava mal de Brasília. Achava tudo aqui estranho, a cidade, as pessoas, tudo. E tinha muitos motivos de ser feliz aqui. Amor, amigos, trabalho. Mas sempre faltava algo. Parecia que eu jamais encontraria o lugar certo de se viver, que congregasse tudo o que eu amava. Mas foi apenas surgir a possibilidade concreta de voltar para me fazer ver tudo diferente. Aliás, acabo descobrindo que é besteira fazer tantos planos, porque o essencial teima em aparecer sempre, desmascarando por completo nossas ambições fúteis. Comecei a dar mais valor às pessoas ao meu redor, a achar o céu daqui ainda mais lindo, a viver intensamente cada minuto aqui.

E por que razão a gente não faz isso o tempo todo, se a gente não tem certeza se hoje não é nossa despedida? Não sei. Acho que vou passar a vida pra descobrir. O que sei é que, pouco importa o lugar que estamos pra sermos felizes. É como disse Cybelle da frase do John Lennon:

"Eu estive em todos os lugares, mas só me encontrei em mim mesmo."