sábado, 26 de abril de 2008

O Rio de Janeiro continua (sempre) lindo...


Quase 15 dias sem postar nada, enfim, de volta. Estresse no último grau (quando o próprio organismo fica doente,pedindo descanso) o médico me ´receitou´ uma viagem. Junto c/ Cami, fomos para a cidade mais linda do mundo: Rio de Janeiro ("fevereiro e março",abril....).Bom, fora as belezas que todo mundo já viu pela TV,o Rio tem poesia em tudo o que é lugar.Não é à tôa que Tom Jobim, Vinícius e Drummond e tantos outros renderam-se à paixão pela cidade, que tem uma atmosfera mágica que seduz.Escuto bossa nova ('wave'...)agora, que é o Rio em forma de música, para não sentir saudade.
Em cada praça,há um quiosque onde se pode comprar flores das mais variadas. Os meus lírios-rosa estavam lá, resplandecentes, lindos. As praças nos fazem sentir em uma abertura de novela (de Manoel Carlos, diga-se de passagem) ou mesmo dentro de um filme onde tudo tem licença poética, desde os pombos sendo alimentados pelos velhinhos até a primeira volta de bicicleta pelas crianças, que se multiplicam entre as árvores e os balanços do parque. Não vi nenhum pedinte, nenhum assalto, e me senti mais segura do que em João Pessoa, ou Campina.Mas eu estava em Ipanema.
O Rio é dividido brutalmente, entre riqueza e pobreza. Em Ipanema ou no Leblon,por exemplo, vive-se uma realidade apartada, em que a vida se aproxima do ideal. Passeando pelo Centro, as coisas já vão mudando de cor. Nas praças não há mais crianças. Existem sim, mas dentro de roupas maltrapilhas e com fome,aplacada pelo tubo de cola de sapateiro junto ao corpo. Em Ipanema, a dengue não assusta. Na periferia, ela mata.É a divisão. Divide-se porque diferenças marcam e não se misturam.Divide-se o que já não dá mais para agregar.
No Rio, o que mais me marcou é que, mesmo diante dessa divisão, a beleza da cidade explode com força cada vez maior. Nunca vi cidade mais linda.E talvez deva ser por isso que os problemas passam despercebidos quando se olha para o Cristo Redentor. Ele, com toda certeza, é brasileiro. E carióóóca!

p.s: Acho até que Tom Jobim podia mudar a letra de Wave para

"Vou te contar,os olhos já não podem ver,
coisas que só no Rio vc vai entender...
fundamental é mesmo o arpoador,
é impossível ser infeliz no Rio..."

sábado, 12 de abril de 2008

Sonhos


Eu andava ontem pelo centro de Campina quando,entre um pensamento e outro, ouço uma voz dizendo: "Olha o SONHO...sonho novinho, por R$0,50...". Parei e comecei a rir. Não resisti e fui lá ver o sonho da vendedora, e perguntei, rindo: "ô, moça, e sonho não é de graça não?". Ela e eu sorrimos, cúmplices de uma verdade que muita gente nem sabe.


Nestes últimos tempos os meus antigos sonhos transformaram-se em realidade. E para minha surpresa, sonhos alcançados nem sempre trazem consigo a felicidade como item obrigatório. Muitas vezes supomos que determinadas conquistas irão transformar a nossa vida, nossa alma, tudo irá resplandecer em um estado de alegria plena. Puro engano. Tudo está mesmo por ali por dentro, determinando o que somos, não importando muito as circunstâncias externas. Dizem que ganhadores de loterias voltam ao seu estado de espírito habitual depois de 3 meses de euforia. Hoje, acredito que é assim mesmo. Coloquei meus sonhos em uma perspectiva tão maior, que hoje posso perceber que a ilusão maqueia muito do que podemos usufruir hoje mesmo, sem esperar muito, sem lutar tanto, sem tanto esforço ou imaginação. É preciso mensurar melhor o valor de quem somos, do que vivemos hoje, sem que isso pareça piegas ou quem sabe, uma fuga de uma realidade não solícita.Por outro lado, há também a incapacidade prática de atingir na vida real o que se imagina. E aí reside a angústia, em não alcançar a "vida ideal". Nunca havia percebido a profundidade dos versos do Fernando Pessoa quando ele falava



"Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre-
Esse rio sem fim."

Hoje vejo como o poeta português tinha razão. O rio por onde a vida passa, muitas vezes corre sem que possamos mudar a correnteza. O rio do poema é toda aquela sucessão de eventos contínuos, que se contrapõe ao que sonhamos um dia...Para Pessoa, esta é uma realidade angustiante. Para mim, é apenas a realidade. Não adianta "sonhar" tanto sem "mergulhar" no "rio"... É preciso mais que R$ 0,50 para ter um novo sonho. Antes de sermos nefelibatas, é preciso que saibamos do valor do presente, dos sonhos vividos, da realidade quimérica tantas vezes vivenciada e poucas vezes percebida.

Vi aqui na internet que, curiosamente, ou talvez não, na mitologia grega, depois da morte, de a vida ser cortada pela moira Atropos, a sombra do morto era conduzida às margens de um rio, guardado por Caronte, o barqueiro do Aqueronte. Acho que Fernando Pessoa deve ter se inspirado nessa história. Seja como for, vamos mergulhar logo na vida, antes que o rio passe...

sábado, 5 de abril de 2008

Não sei bem por que a saudade é o tipo do sentimento traiçoeiro, já que espera o outro ir embora para mostrar sua face. Acho que o que consola é que, pelo menos, quando sentimos saudade, é sinal de que algo de bom aconteceu,dentro e fora da alma. ;)


Eu estou pensando em você.
Pensando em nunca mais
Pensar em te esquecer
Pois quando penso em você
É quando não me sinto só
Com minhas letras e canções
Com o perfume das manhãs
Com a chuva dos verões
Com o desenho das maçãs
E com você me sinto bem

Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer
Eu estou pensando em você
Pensando em nunca mais
Te esquecer.

(paulinho moska)