domingo, 24 de fevereiro de 2008

Antes de postar algo novo, tenho a obrigação de agradecer a todo mundo que esteve "junto" estes dias. Atribuem a Leonardo Da Vinci(?) a frase que anuncia uma grande verdade: que estar junto não é estar do lado, mas sim do lado de dentro. Sendo assim, à torcida que povoou esse blog e o orkut, o meu muitíssimo agradecimento, vindo lá do coração, cheio de carinho e gratidão. Acho que qualquer coisa boa que acontece na nossa vida não teria a mínima graça se não pudéssemos compartilhar com quem a gente gosta.E é por isso que é tão bom ter com quem contar e a quem contar! Obrigada leitores, amigos, leitores-amigos, amigos-leitores, todo mundo e todo o mundo. No fim, tudo forma uma engrenagem perfeita em que uma única peça faz diferença.

Dito isto, vamos voltar à forma, de escrever. Aliás, eu sempre digo às pessoas que todo mundo devia ter um blog. Mesmo que vc ache que não sabe escrever, que escreve mal ou bem demais, que ninguém vai ler ou que alguém vai ler. Não importa. Podemos escrever por N motivos. No meu caso, serve como válvula de escape, praticamente para tudo. Na tpm, eu escrevo, na tristeza, escrevo, na alegria, escrevo, até que a morte me separe. Escrever faz bem para qualquer um. Quem não gosta de se expor, escreva dissertações sobre qualquer tema; quem não suporta digitar, escreve diário; quem odeia escrever sobre tudo, leia quem escreve. Mas escrever tem, definitivamente, que fazer parte da nossa vida.

No vestibular, nem me preocupava com redação. Desde os 8 anos eu tinha diário (eu sempre fui meio precoce...), aos 9 escrevi uma estória de amor, aos 12 fazia poemas para minha paixão da semana. Aos 17, no vestibular,já tinha quase 10 anos de carreira, hehehe!!!

Então, acho que fazer um blog é um bom negócio. Eu adotei-o como forma de fazer meus papéis não voarem, e acho que foi uma boa idéia. A gente acaba aprendendo, com as palavras, a expressar nosso silêncio. Por falar em silêncio, vi por estes dias um dos meus livros favoritos em filme, "O Caçador de Pipas" e não gostei tanto. No livro, há palavras que jamais terão o seu correspondente em imagens. Pra exemplificar o que digo e ao mesmo tempo mostrar como escrever é uma ponte para nossos sentimentos mais profundos, aqui vai uma das passagens mais lindas do livro, cujas palavras encerrarão com muito mais talento esse post:

"Seria um erro dizer que Sohrab era quieto.
Quieto significa em paz.Tranquilidade.
Estar quieto é baixar o botão do volume da vida.
O silêncio é pressionar o botão para desligar.
Desligar tudo.
O silêncio de Sohrab era o silêncio auto-imposto daqueles que têm convicções,
daqueles que protestam,que tentam defender a sua causa recusando-se a falar.
Era o silêncio de quem se escondeu no escuro,
dobrou todas as bordas e as prendeu,
bem enfiadas nos cantos,como se faz com um lençol..."


O Caçador de Pipas ( Khaled Hossein ).

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008


É difícil escrever o que vou escrever agora sem que as lágrimas atrapalhem minha visão:Fui chamada no concurso para professor. É, esse mesmo do post aí embaixo.Nunca, em toda minha vida, tive uma resposta tão clara de Deus.


Tinha passado uma noite péssima, quase não dormi e, ao deitar, às 4h da manhã, lembrei que era o último dia da novena que estava fazendo para Nossa Senhora de Lourdes.E eu que nunca havia acreditado muito em novena. Já me explico:


Fiz um concurso em Brasília e fiquei por pouco pra entrar. Diante de mais uma frustração, busquei conforto no primeiro colégio em que estudei, as Lourdinas, lá em Campina. Queria voltar ao lugar em que me escondia sempre que tirava nota baixa em Matemática: a capela.
Chegando lá, qual não foi minha surpresa ao reencontrar Irmã Mª José, uma das pessoas mais significativas da minha infância. Ela chegou,me viu e abriu os braços,exclamando:"Vivi!!!"
Emoções nesta hora à parte, conversamos muito e eu,chorando (pra variar) perguntei a ela se Deus tinha mesmo um plano para nós e por que razão Ele não mostrava mais claramente que as coisas dariam certo. Ela, sábia e simples (sinônimos) como sempre, buscou em seu quarto um livrinho e uma medalha. Disse para que eu fizesse as orações por nove dias (novena) à Nossa Senhora de Lourdes, aquela que apareceu a uma menininha-Stª Bernadete- em um gruta, e que eu fizesse as orações com fé e esperança, sabendo que nossas preces eram ouvidas. Me deu a medalhinha e ministrei a aula na UEPB com ela no pescoço.


Quando eu não passei, foi difícil rezar e pedir o mesmo pedido sabendo que ele não havia se concretizado. Mesmo assim, fiz as orações, mais como um desabafo do que propriamente um pedido. O nono dia era ontem. Às 4h da manhã estava tão cansada que pensei em rezar no outro dia. Mas estava com o celular do lado da cama e vi que nem precisaria acender as luzes. Li a oração com a luzinha do celular mesmo e adormeci.


Ao acordar, sentei para a rotina de estudos e vi o dvd que Luana havia me emprestado: "Conversando com Deus". Desisti de ler o Código e fui assistir. Eu assistia e me sensibilizava com o filme, pensando nas muitas vezes em que Deus falou ao meu pé-do-ouvido através dos meus sentidos e sobretudo, das minhas emoções. Acho que se estou falando isso tudo aqui hoje, talvez seja uma maneira que Ele encontrou de falar com você. Acredite, Ele está sempre por perto. Assim que terminei de ver o filme, enxuguei as lágrimas e olhei pro céu. Perguntei: "Deus, me perdoe pela minha ignorância. Saiba que eu sei que você está aqui comigo. Obrigada pelo que ainda não aconteceu."


E, nesta hora, meu celular tocou. Era Zélia, a secretária que fez minha inscrição na UEPB e torcia por mim. Ela disse: "Vivianne, parabéns!! A menina desistiu e você é a nova professora..."

"-Alô,Vivianne?"

....

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Eu achava que neste dia 15/02 eu iria postar aqui um texto p/desdizer aquela angústia pós-formada de alguns posts atrás. Tinha o texto já preparado na cabeça, enfatizando que minha hora havia chegado e que eu me sentia imensamente feliz. Tudo isso porque me preparei muito p/ dar uma aula no concurso p/ professor substituto da UEPB. Estudei, me dediquei e dei a melhor aula da minha vida. Tinha certeza que ia passar. Resultado: tirei nota máxima na aula, mas perdi na prova de títulos e fiquei em 2º lugar.Eu mal acreditava. Não era possível que uma flamenguista como eu, fosse sempre a vice, como o Vasco, que eu tanto ria com seus famosos vice-campeonatos. Chorei. Chorei mais. Chorei muito.A sensação era como morrer na praia, literalmente.
Cheguei na casa da minha avó e ela, certa de que eu tinha passado, correu logo pra me abraçar. A decepção dela foi maior que a minha. Fomos para o alpendre do quintal e ficamos lá, em silêncio, como se comungássemos de uma dor igual, a dor de saber que iríamos nos separar, depois do almoço. Eu voltaria para minha casa, e deixaria a dela. Ainda dói relembrar esse momento. Mas não dói tanto pq eu sei que ela ainda está lá. Sempre vai estar.
O que mais me impressionou hoje, não foi o fato de eu não ter passado.Até porque, era como se eu tivesse sido "trocada por outra",quando vc sabe que é melhor. Primeiro, a raiva, o choro. Depois vc simplesmente olha a "troca" e diz: "e não é que eles combinam?". É quando vc percebe que nasceu pra muito mais do que aquilo. O que mais me surpreendeu mesmo, foi de ter, com uma reprovação, percebido que a dimensão das coisas que realmente importam são bem maiores do que nossa conta bancária ou a profissão que temos. E uma das melhores e mais significativas "coisas" da vida são os laços invisíveis que unem as pessoas que se amam. Minha avó sofreu comigo, mesmo tendo 80 anos e falando "curso" ao invés de "concurso" (ela nunca sabe a diferença dos dois). Meus amigos também são um caso à parte.Tato ligou p/ UEPB antes de mim. Cami colocou nossa foto no meu orkut. Deyna me escreveu um dos e-mails mais lindos que já recebi. Luana sofria antes mesmo do resultado. Camila me ligou logo cedo. Mari, se estivesse aqui, diria que vou ganhar muito mais depois.E Daniel, lindo e comunista como sempre, se revoltava junto comigo, estando sempre perto,embora longe.
Fora as surpresas que a vida nos traz. Esse blog, então, é uma fonte delas. Cybelle,Diêgo Guimarães,Marcelo,Ingrid,Erick,Cecília,Daniel Martins, Poli, Andréa,leitores tão queridos, e os mais recentes, Franco, blogueiro dos bons, e Lucas, meu colega de Faculdade que me alegrou tanto com seu comentário. Depois, outros dois telefonemas me fizeram entender tanto, que acho que a ninguém é dado o direito de esmorecer diante dos não-acontecimentos. Porque, na verdade, eles é que são os acontecimentos, são eles que juntando-se aos outros de nossa bagagem, fazem a nossa história. E perto de tantos problemas "reais" que há esta hora não deixam alguém dormir, a ninguém -e muito menos a mim- é dado o direito de se entristecer.
Hoje, gostaria de agradecer a Deus por me dar um dia 15/02 muito feliz, no qual chorei de felicidade. Só não sabia que isso iria acontecer diante do contrário do que eu esperava. Mas a vida é assim, feita de "contrários". E como diria Fábio de Melo:

Quem no certo procurou
Mas no errado se perdeu
precisou saber recomeçar
Só quem já perdeu na vida sabe o que é ganhar
Porque encontrou na derrota o motivo para lutar
E assim viu no outono a primavera
Descobriu que é no conflito que a vida faz crescer
Que o verso tem reverso
Que o direito tem avesso
Que o de graça tem seu preço
Que a vida tem contrários...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008


Meu coração bate acelerado e eu acabo gostando dessa sensação. Não é mais ansiedade, e sim pressa de viver. No entanto, a pressa é amiga da imperfeição e por isso mesmo é que ela se faz constante em mim, defeituosa de fábrica. Acho que viver consiste em pôr tudo de si em tudo o que fazemos, embora não haja "pódios de chegada ou beijos de namorada", como diria o Cazuza.Tudo isso me faz lembrar daquela canção do Paulinho Moska, que canta o sentimento de gostar da travessia e não necessariamente do ponto de chegada:

Eu amo a causa, e não a conseqüência
Eu amo o Pensamento, e não a inteligência
Eu amo a Loucura, e não a consciência
Eu amo a paciência, eu amo a paciência

Eu amo o deserto, a não a muralha
Eu amo o mergulho, e não a medalha
Eu amo suor, e não a toalha
Eu amo a batalha, eu amo a batalha

Eu amo a alma, e não a pessoa
Eu amo a cara, e não a coroa
Eu amo a corrida, e não a linha de chegada
Eu amo a estrada, eu amo a estrada

Eu amo o agora, e não a memória
Eu amo a luta, e não a vitória
Eu amo o fato, e não a história
Eu amo a trajetória, eu amo a trajetória

Eu amo o bem forte, e não o assim
Eu amo o papel, e não o cetim
Eu amo pra onde vou, e não de onde eu vim
Eu amo o meu meio, e não o meu fim

domingo, 10 de fevereiro de 2008


O gato é uma maquininha
que a natureza inventou;
tem pêlo, bigode, unhas
e dentro tem um motor.

Mas um motor diferente
desses que tem nos bonecos
porque o motor do gato
não é um motor elétrico.

É um motor afetivo
que bate em seu coração
por isso faz ronron
para mostrar gratidão.

No passado se dizia
que esse ronron tão doce
era causa de alergia
pra quem sofria de tosse.

Tudo bobagem, despeito,
calúnias contra o bichinho:
esse ronron em seu peito
não é doença - é carinho.

(Ferreira Gullar)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Puxa, estava sentindo falta do blog. Mas a falta de inspiração e de computador não ajudam muito a mudar a situação. Não sei se alguém aqui já passou ou ainda passa pela fase do "e agora, eu faço o quê?" que aflige tanta gente depois da formatura, mas o fato é que eu tô achando tudo péssimo. Faz 1 ano que me formei em Direito e jamais pensei em ficar tanto tempo sem rumo. O mercado está inflado, os escritórios pagam pouco, os concursos são mais concorridos que Mega-Sena e a pressão só aumenta. Meu primo terminou o ensino médio agora e não quer fazer vestibular. Eu até dei força p/ ele, mas o pilantra não precisava justificar na frente de todo mundo: "-Pra quê se lascar todinho p/ entrar em Direito, ficar 5 anos lendo um mói de livro p/ depois 'tá' como Vivianne, formada e sem dinheiro?".Todo mundo se calou, inclusive eu.É f..., mas é verdade.O negócio tá brabíssimo. E eu que deixei de fazer jornalismo por medo do desemprego, hehehe... Esses dias eu li um artigo de uma pesquisadora americana que sustenta veementemente que o ensino superior é uma perda de tempo.Bom, no Brasil,infelizmente, tornou-se pré-requisito de quase todo emprego (incluindo o de PM de Brasília...). Só que o crescimento de um país não necessariamente está ligado aos investimentos em educação, segundo a pesquisa. Países que investiram maciçamente em educação nem sempre tiveram aumentos nos índices de crescimento, justamente porque esqueceram que "formados" precisam de mercado para trabalhar. No Brasil, as pesquisas apontam números distorcidos: gasta-se muito mais com aluno do ensino público superior que com os alunos do ensino básico. E não é nenhuma surpresa que quem está na universidade pública são os melhores alunos das escolas particulares. São contra-sensos do Brasil. E como não poderia deixar de ser, minha família é brasileiríssima e minha prima, que terminou o ensino médio agora, ganha R$1.200,00 como gerente de uma loja de motos,meio período, enquanto um escritório me ofereceu R$800,00 para trabalhar o dia inteiro, como advogada (?). Vai entender...