terça-feira, 23 de novembro de 2010
domingo, 21 de novembro de 2010
Quando as luzes apagaram-se e logo depois apenas um feixe delas focou a cantora, ela estava cantando "Amado" e depois disso qualquer lembrança que eu tenho me remete à sensações tão fortes que chego a duvidar se realmente eu estava lá. Tremia o queixo, não segurava o choro, cantei todas as músicas que eu conhecia (as que eu não conhecia eu fechava os olhos e ouvia), vibrei, tirei foto, pulei, segurei a mão da Vanessa e quis dizer que ela fazia parte da minha vida, da minha história, que ela cantava tudo aquilo que eu sentia. Se todo poeta é um fingidor e "finge a dor que deveras sente", Vanessa da Mata deve fingir a dor do mundo.
Ouvir a música "Palavras" cantada quase ao pé do ouvido pela própria compositora vai entrar na minha história como um dos momentos mais emocionantes da minha vida (ouvir Cranberries tocar "Ode to my Family" ao vivo, há um mês, também está neste capítulo), e posso jurar que Vanessa me viu chorando e piscou pra mim, mesmo que ninguém tenha visto. Não importa. Nossa intimidade não é da conta de ninguém. Saí de alma lavada, como se tivesse acabado de pisar em um "céu claro de estrelas".
As palavras saem quase sem querer,
rezam por nós dois.
Tome conta do que vai dizer.
Elas estão dentro dos meus olhos,
da minha boca, dos meus ombros.
Se quiser ouvir é fácil perceber.
Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.
Tentei, rasguei sua alma e pus no fogo.
Não assoprei, não relutei.
Os buracos que eu cavei não quis rever
Mas o amargo delas, resvalou em mim.
Não deu direito de viver em paz
Estou aqui para te pedir perdão
Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.
As palavras fogem se você deixar
O impacto é grande demais
Cidades inteiras nascem a partir daí
Violentam, enlouquecem não me fazem dormir
Adoece e curam, não me dão limites
Vá com carinho, no que vai dizer
Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
O POETA E A ROSA - E com direito a passarinho
(Vinicius de Moraes)
"Ao ver uma rosa branca
O poeta disse: Que linda!
Cantarei sua beleza
Como ninguém nunca ainda!
Qual não é sua surpresa
Ao ver, à sua oração
A rosa branca ir ficando
Rubra de indignação.
É que a rosa, além de branca
(Diga-se isso a bem da rosa...)
Era da espécie mais franca
E da seiva mais raivosa.
– Que foi? – balbucia o poeta
E a rosa; – Calhorda que és!
Pára de olhar para cima!
Mira o que tens a teus pés!
E o poeta vê uma criança
Suja, esquálida, andrajosa
Comendo um torrão da terra
Que dera existência à rosa.
– São milhões! – a rosa berra
Milhões a morrer de fome
E tu, na tua vaidade
Querendo usar do meu nome!...
E num acesso de ira
Arranca as pétalas, lança-as
Fora, como a dar comida
A todas essas crianças.
O poeta baixa a cabeça.
– É aqui que a rosa respira...
Geme o vento. Morre a rosa.
E um passarinho que ouvira
Quietinho toda a disputa
Tira do galho uma reta
E ainda faz um cocozinho
Na cabeça do poeta."
p.s: Apesar da imagem remeter ao Fernando Pessoa, o poema é do Vinicius de Moraes.
sábado, 13 de novembro de 2010
"Uns acharam bom, outros acharam ruim, e assim é a vida, todos opinam aqui e ali, e eu serei apenas mais uma a palpitar sobre o recente filme de Woody Allen. É possível que você concorde comigo e estaremos em sintonia, ou você irá discordar, engrossando a turma dos que acham que Woody Allen não é mais o mesmo, ou você talvez sempre tenha considerado Woody Allen um chato de galochas, ou vai ver nem sabe quem é esse tal de Woody Allen, e nada disso mudará uma única fagulha no curso do universo.
O monólogo de abertura de Tudo Pode Dar Certo, com Larry David no papel do mal-humorado Boris, traz esse espírito fatalista. Segundo ele, nada tem muito sentido, a sorte é que manda no jogo, e se ao menos facilitássemos as coisas para tornar nossos dias mais suportáveis, mas fazemos justamente o contrário. “As pessoas tornam a vida pior do que é preciso”, reclama o protagonista.
Na contramão da crítica especializada, para mim Woody Allen está cada vez melhor, se não como cineasta, ao menos como filósofo. Tem se revelado mais debochado e mais leve, como convém a um homem inteligente que está chegando aos 75 anos e que aprendeu que só o que nos cabe nessa vida é não fazer mal aos outros e usufruir da melhor maneira a honra de ter nascido.
Dessa vez, Woody Allen foi fundo na caricatura. Mostra um personagem ranzinza que fracassa em suas duas tentativas de suicídio, uma loirinha desmiolada, uma senhora careta que reavalia seus conceitos e “se reinventa”, um príncipe encantado cujo único atrativo é ser bonitão e um pai de família temente a Deus que descobre que é um gay enrustido. “Às vezes os clichês são a melhor forma de dizer as coisas”, alerta Boris ainda no início do filme.
Quando assisti a Igual a Tudo na Vida, filme de 2003, lembro de ter comentado que Woody Allen havia se dado alta. E sigo com a mesma impressão. Em suas obras anteriores (principalmente as realizadas entre o final dos anos 70 e o início dos 90), todas ricas e consistentes em seus questionamentos existenciais, o diretor parecia dizer: “Não há cura”. Em sua resignada fase atual, ele parece dizer: “Não há doença”. O diretor está apenas confirmando que não temos nenhum domínio sobre os mistérios que nos rondam e sobre experiências nunca testadas. Então, não importa o que façamos, o risco de dar certo é o mesmo de dar errado, e até quando parece que dá errado, funciona. Qualquer coisa funciona. Até um Woody Allen clichê. "
(Martha Medeiros)
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
"O Tamanho das Pessoas...
Os Tamanhos variam conforme o grau de envolvimento...Uma pessoa é enorme para ti, quando fala do que leu e viveu, quando te trata com carinho e respeito, quando te olha nos olhos e sorri.
É pequena para ti quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, a consideração,o respeito, o zelo e até mesmo o amor.
Uma pessoa é gigante para ti quando se interessa pela tua vida, quando procura alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto contigo. E pequena quando se desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos da moda.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e
frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma
pessoa grande... é a sua sensibilidade."
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Diferenças
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Eleições
Por isso, vou votar em Ricardo Coutinho para governador. Mas, infelizmente, há milhares de cabos eleitorais comissionados no meu pobre estado da Paraíba, que ainda temem ser demitidos caso seu coronel não seja eleito. Por isso, lotam as cidades de vermelho, na tentativa desesperada de que nada mude, para que o seu pão não seja lhes tomado. Não há como lutar contra isso.
O governador José Maranhão fez mil e um convênios irregulares nestes últimos tempos a fim de garantir a eleição à custa de dinheiro para os prefeitos (leia-se prefeitos, e não municípios). Por sua vez, os prefeitos fazem sua parte, distribuindo favores à população para que, no futuro, mais um lote de dinheiro público lhes socorra, desta vez, nas suas próprias eleições municipais.
O que realmente me assusta não são tais práticas, em um País em que numa eleição boba de uma TV, os brasileiros escolhem "Marcelo Dourado", homofóbico, violento e desrespeitoso, como um ícone que os representa. Também escolhem "Tiririca" para deputado federal sem saber que há o chamado "coeficiente eleitoral", que faz com que o voto no palhaço acabe elegendo aqueles que de palhaço nada tem, como Valdemar da Costa Neto e João Paulo Cunha, ambos mensaleiros corruptos.
O que realmente me assusta é ver como paraibanos, que tem um curso superior, que são letrados, alfabetizados e qualquer outro adjetivo que os coloque em uma posição "superior" à da "massa" (se é que existe tal posição), tem a coragem de votar em José Maranhão. Em um político que já disse inúmeras vezes que não vê razão em se fazer concurso público ( eu no lugar dele, com milhares de apadrinhamentos e comissionados políticos também não veria), que sequer recebeu os professores da UEPB para conversar sobre o fim de uma greve de fome que durou 6 meses (eu era estudante da UEPB na época e senti na pele o que é ter um governador que não prioriza a educação...perdi um semestre inteiro), em um governador que só nomeia concursados por meio de mandados de segurança, que faz empréstimos absurdos ao BNDES sem se preocupar com a conta, um governador despreparado, milionário e semi-analfabeto. Um governador que pensa na política como só e somente só um instrumento de poder e vaidade.Ver pessoas esclarecidas vestidas de vermelho, mas sem avermelhar de vergonha em eleger o mesmo candidato que atrasa a PB há dez anos.É triste.
Por muito tempo eu ainda acreditei que era possível existir uma terceira via na Paraíba, que pusesse fim ao ping-pong dos Cunha Lima x Maranhão. Hoje, eu torço para que essa terceira via ainda exista com a possibilidade de Ricardo ser eleito. Mesmo que haja coligação de tudo que é partido ao redor dessa candidatura, eu não acredito que parcerias políticas possam resumir um candidato. Se assim fosse, Lula, hoje aliado de Collor e Sarney, não teria sido um bom governante.
Alguém pode pensar que certamente eu tenho a promessa de algum cargo, ou de algum familiar que possa "ganhar" um emprego, com essa apologia a uma campanha eleitoral.
Mas não. Eu não estou ganhando nada em falar isso. A única motivação que tenho é que alguém que tenha o poder de mudar alguma coisa (você, leitor e eleitor) possa refletir mais antes de votar domingo.
Gostaria muito que, mesmo que pareça traição com os respectivos parentes apadrinhados do Governo, mesmo que você possa ganhar um emprego, ou sua família possa se beneficiar com a vitória de José Maranhão, pense nas próximas gerações. Pense que a Paraíba poderia mudar. Pense que poderia existir aqui uma gestão pública parecida com a de Eduardo Campos em Pernambuco, que fez concurso para 500 gestores em Adm. Pública, para a Polícia Civil e Militar e com essas e outras soluções simples e eficazes mudaram radicalmente o nosso estado vizinho.
João Pessoa está se tornando mais violenta a cada dia. Não existe policiamento no Estado, vivemos à mercê de bandidos que encontram na Paraíba uma terra sem lei. E não são apenas bandidos armados. São bandidos também de terno e gravata, que pedem nosso voto e nos iludem com promessas de "saúde, educação e renda", sem dizer que é uma promessa restritiva: só para eles próprios.
Cuidado, eleitor. Vote em quem lhe pareça confiável, em quem possa despertá-lhe alguma esperança em mudar o futuro da nossa cidade, do nosso Estado, do nosso País. Não vote em quem você não acredita. Não vote em que lhe promete dinheiro, porque esse dinheiro já é seu.
Espero que todos possam pensar antes de votar, porque, como diria o Gabriel-O Pensador:
"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro."
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Mulher Despida
Martha Medeiros
domingo, 19 de setembro de 2010
Parabéns para Sofia!
"Nada é mais incômodo para a arrogância humana que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias de amor. Só as saudáveis.
Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Só aceita relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de traiçoeiro, egoísta, safado, espertalhão ou falso.
“Falso”, porque não aceita a nossa falsidade e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e o dá se quiser.
O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é esperto. O gato é zen. O gato é Tao. Conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem o ama, mas só depois de muito se certificar. Não pede amor, mas se lhe dá, então o exige.
O gato não pede amor. Nem dele depende. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém, sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano, mas se comporta como um lorde inglês.
Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa a relação sempre precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Vê além, por dentro e avesso. Relaciona-se com a essência.
Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende ao afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando esboça um gesto de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é muito verdadeiro, impulso que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe; significa um julgamento.
O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós).
Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, eles se afastam. Nada dizem, não reclamam. Afastam-se. Quem não os sabe “ler” pensa que “eles não estão ali”, “saíram” ou “sei lá onde o gato se meteu”. Não é isso! É preciso compreender porque o gato não está ali. Presente ou ausente, ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.
O gato vê mais, vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente ao nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério.
Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.
O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precisa de promoção ou explicação os assusta. Ingratos os desgostam. Falastrões os entediam. O gato não quer explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda a natureza, aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato.
Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração e yoga. Ensina a dormir com entrega total e diluição no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase quinze minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, ao qual ama e preserva como a um templo.
Lições de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, o escuro e a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.
Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gesto e senso de oportunidade. Lição de vida e elegância, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências ou exageros e incontinências.
O gato é um monge portátil sempre à disposição de quem o saiba perceber."
p.s: Esse texto homenageia minha filhota Sofia, gata que me ensinou a amar os felinos (e a amar melhor), e que faz três anos esta semana.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
A Tristeza Permitida- Martha Medeiros
Não, hoje eu não estou triste. Mas esse texto (Luana, mais uma vez!) é perfeito para descrever alguns vários dias meus e que ninguém conseguiu explicar- até hoje.
"Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.
Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.
A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.
Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.
“Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down...” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos."
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Casamento
Me apaixonei diversas vezes, cheguei ao fundo do poço em outras, tive poucos, ótimos, ruins, breves e longos relacionamentos, mas confesso que achava perfeita a frase da Clarice Lispector que dizia: "o que eu quero não tem nome." E não tinha mesmo, já que nunca soube direito o que querer. Em cada um dos meus ex-namorados eu encontrava muitas qualidades e outros tantos defeitos, e com o tempo, fui vendo que não apenas a mistura do "Javier-Tarantino" não existia, mas, se existisse, não seria garantia nenhuma de felicidade. Fui aprendendo, lenta e penosamente, a me desgarrar dos meus desejos mais infantis de busca por completude, e aceitando o fato de que jamais alguém irá preencher meus vazios. Eles são meus.
Eu não desejava mais o impossível, apenas o possível. E aqui entenda-se que o possível não é sinônimo de passividade, muito pelo contrário. O possível é tentar encontrar alguém cujas qualidades mais naturais sejam aquelas que para nós são primordiais para mantermos um certo nível de contentamento , e cujos defeitos pudessem ser "suportáveis", ou "contornáveis".
Pedir isso (escrevendo!) não apenas me trouxe mais paz e tranquilidade por saber que se tratava de um desejo sincero, mas me trouxe exatamente quem eu precisava. Depois de muita terapia, livros, orações e um desejo profundo de me conhecer, vi quais eram as virtudes que eu buscava em alguém e quais os defeitos não seriam mais tolerados.
Nem preciso dizer o quanto a leitura deste livro (Comprometida- Ed.Objetiva) me fez bem. Eis alguns trechos que grifei:
"Finalmente, sozinha naquele canto com o meu querido, tudo dará certo, tudo dará certo, e todo tipo de coisa dará certo."
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Os pensamentos deste livro mostraram que o caminho para a verdadeira tranquilidade passa pela verdade própria, e é altamente exigente; um caminho que leva para longe de mim e minhas preocupações e desemboca em Deus. As palavras de Santo Agostinho sobre nosso coração que vive inquieto enquanto não repousar em Deus correspondem à nossa experiência mais profunda. Nós mesmos não podemos aplacar nossos medos, debilitar nossos sentimentos de culpa, não podemos fugir de nossa sombra. Precisamos da árvore em cuja sombra podemos descansar, sem nos amedrontarmos com nossa própria sombra. Precisamos de Deus, em cuja proteção nos sentimos salvos, em cujo amor podemos pressentir que somos incondicionalmente aceitos, que tudo pode ser em nós, até mesmo a intranquilidade, as preocupações e os temores dolorosos. Na proximidade de Deus pode cessar a fuga mortal de nós mesmos, porque diante de Deus tudo pode ser e podemos mostrar tudo o que está em nós. Podemos, então, nos sentar à sombra de sua árvore e encontrar a verdadeira tranquilidade pela qual tanto ansiamos."
****
do livro: "Tranquilidade do Coração - em harmonia consigo mesmo"- Anselm Grün
Ed. Loyola
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
terça-feira, 10 de agosto de 2010
"Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em vc.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
http://porque-nao-pensei-nisso-antes.blogspot.com/2010/06/o-que-fazer-com-rolos-de-papel.html
E tem esse aqui que só tem apetrechos criativos:
http://www.osegredodovitorio.com/vitrine.aspx
Beijos!
terça-feira, 27 de julho de 2010
Zona de Conforto
Até que o professor diz: "Pro exercício ter efeito, vocês precisam sair da zona de conforto!". Esticou mais minha perna e eu senti o músculo, antes adormecido, acordar subitamente.
De algum modo, aquela frase substituiu meus pensamentos e fiquei pensando nela como um mantra: "sair da zona de conforto". Foi a resposta certa pro momento certo.
Cheguei em casa disposta a sair daquilo que me é mais fácil, confortável. Não comi o jantar gordo, que sempre me impede de emagrecer. Tomei um banho demorado e joguei todos os shampoos vencidos no lixo. Arrumei o quarto. Descobri que só uso metade dos sapatos e roupas que tenho e separei tudo para doar. Sentei na escrivaninha e comecei a estudar (sim, numa terça-feira é possível começar muita coisa!).
Sei que tudo isso pode parecer trivial e cotidiano, mas estas pequenas atitudes me fizeram uma grande faxina mental. O problema pelo qual estou passando para mim não é mais um problema, a solução sempre esteve ali à frente: preciso sair da zona de conforto.
Parece clichê, mas notei que eu estava tendo respostas iguais para ações iguais. Se eu continuar a fazer as mesmas coisas, sempre terei os mesmos resultados. Se quero mudar isso, tenho que esticar mais a perna e sentir o músculo doer. Difícil? Bastante. A gente gosta mesmo é de fazer tudo igual, porque tudo aquilo que nos é familiar parece melhor: continuar com a mesma rotina, as mesmas dúvidas e dívidas, o mesmo namorado, a mesma cidade, o mesmo emprego, mesmo que nada disso seja o que a gente queria de verdade. Mudar, qualquer coisa que seja, até nossa aparência, exige esforço e vontade, e quase sempre, é a preguiça e o desânimo os que mais nos acolhem, que nos oferecem um sofá, uma tevê, uma "segunda-feira eu começo".
Mas, como diria o Coldplay, em uma das melhores músicas de todos os tempos (The Scientist):
"Nobody said it was easy" !
(Ninguém disse que era fácil!)
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Saúde Mental
Não sei se entendi direito, mas me pareceu coerente. O sujeito de boa cuca não é aquele que pensa de forma militarizada. Não é o que nunca se contradiz. Não é o cara regido apenas pela lógica e que se agarra firmemente em suas verdades imutáveis. Esse, claro, é o doente.
Do nascimento à morte, há uma longa estrada a ser percorrida. Para atravessá-la, recebemos uma certa munição no reduto familiar, mas nem sempre é a munição que precisávamos: em vez de nos darem conhecimento, nos deram regras rígidas. Em vez de nos ofertarem arte, nos deram apenas futebol e novela. Em vez de nos estimularem a reverenciar a paixão e o encantamento, nos adestraram para ter medo. E lá vamos nós, vestidos com essa camisa-de-força emocional, encarar os dias em total estado de insegurança, desprotegidos para uma guerra que começa já dentro da própria cabeça.
Armados até os dentes contra qualquer instabilidade, como gozar a vida?
A paz que tanto procuramos não está na previsibilidade e na constância, e sim no reconhecimento de que ambas inexistem: nada é previsível nem constante. E isso enlouquece a maioria das pessoas. Quer dizer que não temos poder nenhum? Pois é, nenhum.
É um choque. Mas o segredo está em acostumar-se com a ideia. Só então é que se consegue relaxar e se divertir.
Ou seja, a pessoa de mente saudável é aquela que, sabedora da sua impotência contra as adversidades, não as camufla, e sim as enfrenta, assume a dor que sente, sofre e se reconstrói, e assim ganha experiência para novos embates, sentindo-se protegido apenas pela consciência que tem de si mesmo e do que a cerca – o universo todo, incerto e mágico.
Acho que é isso. Espero que seja isso, pois me parece perfeitamente curável, basta a coragem de se desarmar. O sujeito com a mente confusa é um cara assustado, que se algemou em suas próprias convicções e tenta, sem sucesso, se equilibrar em um pensamento único, sem se movimentar.
Já o sadio baila sobre o precipício. "
Martha Medeiros-Jornal de Sta Catarina-30/05/2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
A vida, algumas vezes, pode ser terrivelmente dolorosa e extremamente injusta. Quando isso ocorre, uma resposta mais positiva e eficiente deve ser tomada, deixando o lado pessoal. Todas as vezes em que as dificuldades surgirem e você se recusa a tomá-las pessoalmente, você passa a se mover poderosamente para muito além das limitações do seu próprio ego. Você se coloca imediatamente a, pelo menos, um nível acima de tudo o que possa ter acontecido e, desse vantajoso ponto de vista, as suas opções aumentam consideravelmente.
Se alguém grita na sua face e sua reação é a de simplesmente gritar de volta, o que foi que você alcançou com isso? Porém, se você, em vez disso, der um passo atrás, tirar o seu próprio ego da sua frente e olhar objetivamente a situação, você poderá dar uma resposta muito mais eficiente.
Nélio DaSilva
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
Amém.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
segunda-feira, 5 de julho de 2010
L'aventure!
Vi "Toy Story 3" no cinema e saí de lá com gosto de choro entre os lábios. Chorei muito, e de verdade. O filme foi feito para nós, adultos que, depois de 15 anos do primeiro "Toy Story", desejávamos ser surpreendidos pelo mesmo encantamento do passado, talvez desejosos de nos reencontrarmos com a criança que fomos e que não podemos mais ser. Mas, eis que "Toy Story3" foi feito não para nos encontrarmos com o que fomos, mas com o que somos!
Lições de lealdade, amizade, discussões sobre traumas e rejeições, sobre a passagem do tempo, de fases e até sobre a mortalidade, estão expostas ali, em um filme que emociona do começo ao fim. Sensação parecida e bem mais suave eu só tinha experimentado com "Ratatouille", um clássico para mim. Mas a Disney e a Pixar sabem como surpreender minha imaginação, e fazem outro filme que me fez chorar no sofá, neste último sábado: "UP- Altas Aventuras".
O filme começa já com a história de Carl e Ellie, e em menos de cinco minutos e sem nenhuma fala, numa das sequencias mais bonitas que eu já vi no cinema, a esperança de um amor pra vida toda aparece, ressoando, e como uma luz, nos arranca um suspiro e um sorriso, apesar do fim inevitável: Ellie morre.
Porém, Carl não desiste do sonho de ambos e parte para sua última (ou primeira?) aventura, como um último ato de amor e devoção à esposa. Leva consigo, por engano, um escoteiro mirim fofo, Russel, que não apenas será seu fiel escudeiro, como mudará o rumo da vida do homem de 78 anos.
A cena que mais me tocou é quando o velhinho consegue realizar seu sonho e, sentindo a presença da companheira, ao folhear seu antigo diário, descobre que chegou a hora de recomeçar. Procura outro sentido para viver e se desapega de tudo o que lhe era tão precioso, mas que não lhe servia mais.
A casa que não conseguia se mover de repente se liberta dos pesos que a prendiam, e sobe, fazendo o "Sr. Fredricksen", flutuar para o céu, a bordo de seu lar voador preso a balões que salvarão seu amigo mirim e o libertarão para sempre, em uma metáfora perfeita da vida e de seus recomeços, onde novo e velho se unem e se completam, em uma beleza quase poética.
Depois do filme, falei pro meu pai: "O senhor tem que assistir esse filme", como uma sentença de sentido novo para a vida. Ele me responde: "Não gosto de desenho".
E quem falou em desenho?
quarta-feira, 30 de junho de 2010
O Sertão virou mar.
No mundo que teve fim, as pessoas tinham dignidade.
A tragédia que se anuncia só teve destaque porque é algo "sobrenatural" e dá ibope. O que é natural, que é o povo do sertão nordestino passar fome, é natural. É notícia de segunda linha. O que é natural é ver as terras de Renan Calheiros e Fernando Collor serem fábricas de votos, do povo flagelado e mendigando alguma esperança.
Natural é ver Pernambuco arder em terras secas, enquanto verbas do Ministério da Integração Nacional correm todas para a Bahia, onde o Presidente tem aliados políticos. Natural é ver um deputado dizer em um programa de tv (CQC,Band/28/06) que não sabe quais são os Estados atingidos pela calamidade e quando respondido, indagar: "E Pernambuco e Alagoas não são a mesma coisa?". Tudo isso é bem natural para nós. Ver a seca e a falta de trabalho, dignidade e esperança dos sertanejos é coisa ultrapassada, over. O que ninguém esperava mesmo é ver o mar no Sertão. Ninguém esperava que a natureza tivesse a força que imprensa nenhum nunca teve para denunciar tudo o que falta no mundo, e fica embaixo do tapete da hipocrisia.
A Copa do Mundo veio mesmo a calhar: é a desculpa perfeita para a nossa nação de distraídos.
p.s: Quem quiser ajudar as vítimas das enchentes, me mandem um recado, pois estamos reunindo donativos e voluntários para fazer alguma coisa por toda essa gente.
p.s2: A foto aí embaixo não é nova, é da enchente de 1969. Parte dos desabrigados foram alojados em um cadeia pública e lá permanecem até hoje, à espera de casas populares prometidas a cada campanha.
domingo, 20 de junho de 2010
Era uma vez um Jesus que disse a Maria de Magdala, em 'O Evangelho segundo Jesus Cristo': "Olharei a tua sombra se não quiseres que te olhe a ti. Quero estar onde estiver a minha sombra, se lá é que estiverem os teus olhos."
Era uma vez um amigo do escritor que escreveu sobre sua morte:
"Não há palavras, Saramago levou-as todas."
terça-feira, 15 de junho de 2010
A Copa dos que não foram
Como eu já disse que a postagem não é sobre futebol, vou explicar porque resolvi escrever. Escrevo justamente por essa frase que ficou na minha mente durante um bom tempo: "eu devia estar ali".
Quantas vezes já vi meus sonhos serem realizados por outras pessoas, ou pior, ver que eu podia estar fazendo a diferença em um determinado lugar, mas para o qual eu não fui escalada. E fico pensando: "e por que eu não estou ali?" Quase sempre, descubro que a culpa não foi do técnico, foi do jogador. Do mesmo modo que Adriano, desperdicei algumas chances de estar onde eu queria estar. Como Ronaldinho, na hora "H" eu não dei o melhor de mim. Semelhante a Ganso e a Neymar, não tive chance de sequer disputar um jogo grande.
Para exemplificar um pouco, eu sempre quis escrever um livro. Mas nunca arrisquei, por me achar inexperiente demais. De repente, vejo uma Thalita Rebouças escrever para adolescentes e virar best seller. E a frase ecoa: "eu devia estar ali".Tenho tanto medo de grandes concursos jurídicos que sequer participo, e quando eu vejo, alguém do mesmo nível que eu é aprovado e empossado. "Eu devia estar ali".Vejo um caos em uma determinada Casa de Acolhimento de crianças e adolescentes de João Pessoa, minha mãe relata como a Diretora se porta e penso, sempre, que devia estar ali.
Mas então, por que eu, Adriano, Ganso, Ronaldinho Gaúcho e tantos outros milhões de pessoas ficam fora do jogo? Será mesmo que a culpa é do Dunga? Receio que não. Apesar de eu não gostar do time, foram eles que mostraram resultados, que foram pros treinos, que acreditaram em si mesmos, que se superaram. Eu preciso é ter humildade de saber que não sou craque, mas nunca achar que eu não posso sequer ser reserva.
Acreditar em si mesmo deve passear entre esses dois extremos: a estrela da seleção quase sempre fica no meio do campo. E brilha.
Me aguardem em 2014! ;)
terça-feira, 8 de junho de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
"Natal caiu em fevereiro
É carnaval o ano inteiro
Só com você, poderia ser..."
Obrigada, Elias Asfora, por me devolver à melhor parte de mim. ;)
terça-feira, 18 de maio de 2010
O melhor
*Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutora em Comunicação, em Londres. Apesar disso, optou por viver uma vidinha mais simples, em Belo Horizonte.