terça-feira, 23 de novembro de 2010


Meu melhor amigo é aquele que consegue retirar de dentro de mim o que existe de melhor.

(Fred Britts)


domingo, 21 de novembro de 2010


Ontem foi show de Vanessa da Mata aqui em João Pessoa. Quem estava lá deve saber que não foi apenas um show de música, mas sobretudo, de sensações. E o que seria da vida sem as emoções que nos fazem ir além, tremer o queixo, chorar ao ouvir uma música sem que nada de racional venha à mente. Antes do show começar, não acreditei o quão perto do palco ficava meu lugar e agradeci secretamente por ter decidido comprar o ingresso logo que as vendas começaram. De cara, fiz amizade com um párea,louco pela Vanessa como eu, chamado Igor, que tinha (e eu senti inveja) todos os encartes de Cd´s e Dvd´s autografados pela nossa "amiga confidente". Engraçado que nós nem precisaríamos saber o nome um do outro para sabermos que temos ao menos uma coisa em comum: Com a lente da sensibilidade extremada, só vemos aquilo que nos toca. E Vanessa é mestre nisso.

Quando as luzes apagaram-se e logo depois apenas um feixe delas focou a cantora, ela estava cantando "Amado" e depois disso qualquer lembrança que eu tenho me remete à sensações tão fortes que chego a duvidar se realmente eu estava lá. Tremia o queixo, não segurava o choro, cantei todas as músicas que eu conhecia (as que eu não conhecia eu fechava os olhos e ouvia), vibrei, tirei foto, pulei, segurei a mão da Vanessa e quis dizer que ela fazia parte da minha vida, da minha história, que ela cantava tudo aquilo que eu sentia. Se todo poeta é um fingidor e "finge a dor que deveras sente", Vanessa da Mata deve fingir a dor do mundo.

Ouvir a música "Palavras" cantada quase ao pé do ouvido pela própria compositora vai entrar na minha história como um dos momentos mais emocionantes da minha vida (ouvir Cranberries tocar "Ode to my Family" ao vivo, há um mês, também está neste capítulo), e posso jurar que Vanessa me viu chorando e piscou pra mim, mesmo que ninguém tenha visto. Não importa. Nossa intimidade não é da conta de ninguém. Saí de alma lavada, como se tivesse acabado de pisar em um "céu claro de estrelas".


As palavras saem quase sem querer,
rezam por nós dois.
Tome conta do que vai dizer.
Elas estão dentro dos meus olhos,
da minha boca, dos meus ombros.
Se quiser ouvir é fácil perceber.

Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.

Tentei, rasguei sua alma e pus no fogo.
Não assoprei, não relutei.
Os buracos que eu cavei não quis rever
Mas o amargo delas, resvalou em mim.
Não deu direito de viver em paz
Estou aqui para te pedir perdão

Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.

As palavras fogem se você deixar
O impacto é grande demais
Cidades inteiras nascem a partir daí
Violentam, enlouquecem não me fazem dormir
Adoece e curam, não me dão limites
Vá com carinho, no que vai dizer

Não me acerte, não me seque,
me dê absolvição.
Faça luz onde há involução.
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu não.
Reabilite o meu coração.



segunda-feira, 15 de novembro de 2010


O POETA E A ROSA - E com direito a passarinho
(Vinicius de Moraes)

"Ao ver uma rosa branca
O poeta disse: Que linda!
Cantarei sua beleza
Como ninguém nunca ainda!

Qual não é sua surpresa
Ao ver, à sua oração
A rosa branca ir ficando
Rubra de indignação.

É que a rosa, além de branca
(Diga-se isso a bem da rosa...)
Era da espécie mais franca
E da seiva mais raivosa.

– Que foi? – balbucia o poeta
E a rosa; – Calhorda que és!
Pára de olhar para cima!
Mira o que tens a teus pés!

E o poeta vê uma criança
Suja, esquálida, andrajosa
Comendo um torrão da terra
Que dera existência à rosa.

– São milhões! – a rosa berra
Milhões a morrer de fome
E tu, na tua vaidade
Querendo usar do meu nome!...

E num acesso de ira
Arranca as pétalas, lança-as
Fora, como a dar comida
A todas essas crianças.

O poeta baixa a cabeça.
– É aqui que a rosa respira...
Geme o vento. Morre a rosa.
E um passarinho que ouvira

Quietinho toda a disputa
Tira do galho uma reta
E ainda faz um cocozinho
Na cabeça do poeta."

p.s: Apesar da imagem remeter ao Fernando Pessoa, o poema é do Vinicius de Moraes.

sábado, 13 de novembro de 2010



"Uns acharam bom, outros acharam ruim, e assim é a vida, todos opinam aqui e ali, e eu serei apenas mais uma a palpitar sobre o recente filme de Woody Allen. É possível que você concorde comigo e estaremos em sintonia, ou você irá discordar, engrossando a turma dos que acham que Woody Allen não é mais o mesmo, ou você talvez sempre tenha considerado Woody Allen um chato de galochas, ou vai ver nem sabe quem é esse tal de Woody Allen, e nada disso mudará uma única fagulha no curso do universo.

O monólogo de abertura de Tudo Pode Dar Certo, com Larry David no papel do mal-humorado Boris, traz esse espírito fatalista. Segundo ele, nada tem muito sentido, a sorte é que manda no jogo, e se ao menos facilitássemos as coisas para tornar nossos dias mais suportáveis, mas fazemos justamente o contrário. “As pessoas tornam a vida pior do que é preciso”, reclama o protagonista.

Na contramão da crítica especializada, para mim Woody Allen está cada vez melhor, se não como cineasta, ao menos como filósofo. Tem se revelado mais debochado e mais leve, como convém a um homem inteligente que está chegando aos 75 anos e que aprendeu que só o que nos cabe nessa vida é não fazer mal aos outros e usufruir da melhor maneira a honra de ter nascido.

Dessa vez, Woody Allen foi fundo na caricatura. Mostra um personagem ranzinza que fracassa em suas duas tentativas de suicídio, uma loirinha desmiolada, uma senhora careta que reavalia seus conceitos e “se reinventa”, um príncipe encantado cujo único atrativo é ser bonitão e um pai de família temente a Deus que descobre que é um gay enrustido. “Às vezes os clichês são a melhor forma de dizer as coisas”, alerta Boris ainda no início do filme.

Quando assisti a Igual a Tudo na Vida, filme de 2003, lembro de ter comentado que Woody Allen havia se dado alta. E sigo com a mesma impressão. Em suas obras anteriores (principalmente as realizadas entre o final dos anos 70 e o início dos 90), todas ricas e consistentes em seus questionamentos existenciais, o diretor parecia dizer: “Não há cura”. Em sua resignada fase atual, ele parece dizer: “Não há doença”. O diretor está apenas confirmando que não temos nenhum domínio sobre os mistérios que nos rondam e sobre experiências nunca testadas. Então, não importa o que façamos, o risco de dar certo é o mesmo de dar errado, e até quando parece que dá errado, funciona. Qualquer coisa funciona. Até um Woody Allen clichê. "

(Martha Medeiros)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"O Tamanho das Pessoas...

Os Tamanhos variam conforme o grau de envolvimento...Uma pessoa é enorme para ti, quando fala do que leu e viveu, quando te trata com carinho e respeito, quando te olha nos olhos e sorri.

É pequena para ti quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, a consideração,o respeito, o zelo e até mesmo o amor.

Uma pessoa é gigante para ti quando se interessa pela tua vida, quando procura alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto contigo. E pequena quando se desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos da moda.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e
frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma
pessoa grande... é a sua sensibilidade."

(Ercilia Ferraz)