terça-feira, 27 de março de 2012

I will survive!

Hoje experimentei a real sensação de felicidade. Pude conversar com ela enquanto eu tomava água-de-côco, me sentindo a mulher mais feliz do mundo. Me perguntei como aquilo podia ser tão simples. Comecei a rir, depois chorei, ri de novo, e parecia uma bipolar de um humor só. Não, eu não estou tomando remédio (pelo menos, não os de tarja preta), nem recebi uma promoção ou uma notícia magnífica. Eu "apenas" consegui correr 2km em 13 minutos. Pode rir, vai. Mas, considerando que eu sempre dizia a mim mesma "Não consigo", Conseguir me vencer foi uma vitória incrível. Eu sou a minha maior concorrente desde sempre. Competimos, eu e a outra que mora em mim, todos os dias, a cada dúvida que atravessa meu caminho.

"Não dá", "Não consigo", "Sou assim, não posso mudar", "Não vivo sem isso ou sem aquilo e ponto", e mais inúmeras frases que só eu sei o quanto me podam e me fazem ter uma perspectiva limitada de mim mesma. Não sei se é do meu DNA, no qual metade é composto do sangue do meu pai, um pessimista convicto, e a outra metade da minha mãe, uma guerreira do tipo "mais macho que muito homem", mas sou um misto de quem desafia e é desafiado, o tempo todo, e confesso que quase sempre, eu me canso. Venço algumas partidas, e depois digo- vai lá, ok, vc venceu essa.

Como diria a música do Pato Fu, "as brigas que ganhei, nem um troféu como lembrança pra casa eu levei...as brigas que perdi, estas sim, eu nunca esqueci." Pois é, Fernanda Takai, vc acertou. Nunca esqueci das brigas que perdi de mim mesma. E foi por isso, que hoje eu levantei querendo me encontrar. Queria eu mesma me desafiar, esquecendo um pouco a outra. Para esquecê-la, coloquei U2 pra tocar, e no "1,2,3,14..." comecei a correr. Minhas pernas tremiam quando completei 1km, minha respiração pedia para eu diminuir o ritmo, mas eu sabia que, se eu não conseguisse chegar aos 13 minutos, eu ratificaria o que a outra já sabia (" Vc não consegue"). Para quem está quilos acima do peso ideal, conseguir correr 2 km a uma velocidade de mais de 10km/hora é um feito e tanto...Terminei o percurso e olhei no relógio: eu consegui.

Me senti uma vencedora e misturei o suor com algumas lágrimas. Me emocionei em saber que tudo o que eu quiser que a vida me dê, só depende de mim mesma. Tive a sensação de que minha alma estava me direcionando para realidade prática da existência, me autorizando a parar de me autossabotar e de "viajar na maionese". Acreditei, de verdade, em mim. Parecia que agora eu estava tendo uma visão nítida da objetividade da existência. Vivi, naquele momento, um "pit stop" entre passado, presente e futuro. 

Não que eu seja uma alienada, viajandona e que não vai atrás do que quer. Pelo contrário, sempre me desafiei muito e se consegui algo na vida foi porque me esforcei. Mas confesso que, por medo de falhar, eu buscava sonhos mais modestos, ou mais condizentes com uma realidade conhecida e afável. Acho que somos programados para o conforto, para o comodismo. É muito mais fácil contentar-se em ser como a gente é, em ter o que a gente tem, em estar onde estamos. Difícil é evoluir, é ir à luta, tentar encontrar nossa 'Dulcinéia' apesar dos moinhos de vento. Sempre tive medo de virar um Dom Quixote piegas. Para mim, era mais fácil ser o Sancho Pança: com atitude pragmática, sem tantos sonhos platônicos.

Mas confesso que esses sonhos ainda vivem em mim. E quando hoje, eu me imaginei correndo no teste físico para Delegado Federal, e vencendo, senti como se eu tivesse aberto a gaveta daqueles sonhos antigos, cheios de mofo. Agora, me cabe saber quais deles eu ainda quero, se eles ainda trazem para meus estômago a sensação de borboletas voando. É bom saber que, para realizar o que desejamos só precisamos correr atrás, com nossas próprias pernas. E de preferência, no tempo certo. 

O que a gente vai ser daqui pra frente pode mudar a partir desse momento. É agora ou nunca. Pra terminar, Anatole France uma vez contou essa história:

-Venham para a beira do abismo.
Mas Eles diziam: -Nós temos medo.
E ele insistia, determinado, impondo-se:
-Venham para a beira do abismo, vejam o enorme e belo desfiladeiro!
Eles finalmente foram.
Então ele os empurrou...e Eles VOARAM!

segunda-feira, 12 de março de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

Lindo poema.


SOLIDÃO
(Fátima Irene Pinto)

Solidão não é a falta de gente para conversar,
namorar, passear ou fazer sexo... 
isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos
pela ausência de entes queridos que não podem
mais voltar... 
isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente
se impõe as vezes, para realinhar os pensamentos...
isto é equilíbrio.

Tampouco é o retiro involuntário que o destino
nos impõe compulsoriamente para que revejamos a
nossa vida... 
isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
isto é circunstância.

Solidão é muito mais que isto...

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos
e procuramos em vão, pela nossa Alma!





p.s: A autoria do texto é de Fátima Irene, e não de Chico Buarque como circula na net.