sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mais uma vez, o blog estava deserto.Fora a desculpa básica da falta crônica de internet, eu mesma estava meio de quarentena. Não que eu estivesse segregada compulsoriamente, mas de fato, eu andei mais reservada esses últimos tempos e notei uma grande evolução em fazer isso.Parece que, ao entrarmos em contato com nós mesmos, descobrindo todos os dias partes de nós até então obscuras e outras que jamais possuíamos ter, notei que há em mim uma multidão desconhecida, que aparece e mostra sua face a cada desafio que a vida nos impõe. Seja com um fim de um relacionamento, seja com uma doença, um desemprego inesperado ou qualquer situação que mude nossa perspectiva de ver as coisas, é sempre bom dar-se um tempo para se renovar, e enfrentar estes desafios com mais altivez e segurança.
Recebi um e-mail que falava da vida de uma águia. Esse pássaro vive em média 70 anos, mas aos 40, se quiser continuar a viver, precisa recolher-se durante 5 meses ao seu ninho no ponto mais alto, quebrar seu próprio bico, arrancar suas próprias garras e esperar que renasçam, mais fortes. Feito isso, as águias que escolhem tal caminho, vivem mais 30 anos.
Deve ser assim conosco também. Há um período em que precisamos nos recolher e iniciar um processo de renovação que ,certamente, nos dará a base forte necessária para seguirmos por muito mais tempo nessa estrada de tantas intempéries no caminho.
Acho que o tempo devido será o de cada um ( com a águia são 5 meses...), mas qualquer que seja, deverá ser intenso. Shakespeare já dizia em Hamlet que, acima de tudo, é preciso ser verdadeiro consigo mesmo, quanto aos nossos próprios sentimentos, pois a conseqüência natural disso é ser verdadeiro com todo mundo. E talvez, para ser verdadeiro consigo mesmo, leva-se tempo. Only time...
Who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...
And who can say if your love grows,
As your heart chose?
Only time...
Who can say why your heart sighs,
As your love flies?
Only time...
And who can say why your heart cries,
When your love dies?
Only time...
Who can say when the roads meet,
That love might be,
In your heart.
And who can say when the day sleeps,
If the night keeps all your heart?
Night keeps all your heart...
Who can say if your love grows,As your heart chose?
Only time...
And who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...
Who knows?
Only time...
Who knows?
Only time...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Hoje minha avó chorou só porque fui passar o fim-de-semana na minha casa, em João Pessoa. Fiquei com o coração apertado, mas não senti saudade. Simplesmente porque vivo tão intensamente os dias com ela, que não fica o remorso de voltar no tempo para cumprir um destino imediato que o tempo já se encarregou de levar. Digo isso porque meu pai sofre de um saudosismo tão constante que o impede de viver o presente. E talvez tanta gente faça a mesma coisa...viver saudoso do que foi ontem, não viver o hoje e amanhã lamentar porque o "hoje" agora é "ontem". Prefiro esquecer as coisas que já aconteceram, porque tempo bom mesmo é o que a gente vive agora.Como diria Djavan: "Se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria...isso pra mim é viver".
p.s: Sabe-se lá o porquê desse post...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

"Mimi e Dotô"

Meu tio (cujo apelido é "Dotô",título dos seus sonhos) é um sujeito engraçado. Tem quase 50 anos e quase sempre me sinto mais velha que ele. Seu irmão mais velho faleceu de forma brutal, há quase 30 anos. Como eram muito apegados, Dotô caiu no mundo, em desespero. Vagou pelas ruas durante meses, sem saber o que fazer com a perda do irmão. Minha avó,naquele momento, estava tão desnorteada pela ausência do primogênito que não lembrou dos outros 6 filhos, meio desamparados com a turbulência de um assassinato na família. Dotô foi embora, com um circo da cidade. Voltou tempos depois, viciado nas drogas e sem saída. Muito tempo de tratamento precário (naquele tempo, quem usava maconha, ia para o hospício...), meu tio ficou com algumas seqüelas, típicas de esquizofrenia. A história dele parece muito com aquela contada no filme "Bicho de Sete Cabeças".Mas no seu caso,é uma história real, marcada por capítulos tristes...e outros alegres, como o que eu vou contar.

Dia desses eu falava da saudade que eu estava de Sofia, minha gatinha de estimação. Dotô também me falava do amor dele por gatos.Como a gente atrai o que deseja, um gatinho abandonado começou a freqüentar o quintal da minha vó. Não sei como dizer sem que soe falso, mas parecia que o bichano estava procurando por meu tio.

Minha avó, rabugenta quando é contrariada (ariana,fazer o quê?...) começou a enxotar o gato com tudo que ela via pela frente. Mas o amigo do meu tio não arredou o pé (ou a pata...). Todo dia estava lá. Até que Dotô o viu e desde então, eles mantêm uma relação de afeto como poucas vezes eu vi na vida. O gato foi batizado de "Mimi"(eu não tive culpa) e sabe enxergar as belezas do meu tio como nunca alguém enxergou. A linguagem do carinho e do amor que se extrai de situações como essas é indecifrável. Mimi consegue ouvir meu tio tocar violão e canta (mia) junto. Ele é mesmo um gato sobrevivente...hehehe.

O que mais me despertou foi perceber que Deus se faz presente até nestas pequenas situações do cotidiano.Talvez pra mostrar para nós, tão tolos humanos,que o amor nos faz enxergar só o que cada um tem de bom. Deixa que as diferenças sejam apenas marcas que nos fazem ímpares. Mimi soube trazer de volta a meu tio a certeza de que ele era importante, soube transformar uma realidade estéril em uma lição cotidiana de afeto. E eu que pensei que palavras eram melhores que miados...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Apenas Mais Uma De Amor

Composição: Lulu Santos / Nelson Motta

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz

É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de convencer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
E eu digo vai doer...
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber

sábado, 3 de maio de 2008

Coisas mundanas

Sem internet, o blog corre risco de tornar-se espécie em extinção...Mas as lan-houses existem e vamos lá, para a reprodução em cativeiro! Mesmo que seja só para um post rápido...
Hoje eu via jornal com minha avó, logo depois do almoço. O caso Isabella deu uma trégua e a gente resolveu assistir jornal de novo. Logo depois, veio o programa "Estrelas". Minha avó ficou tão vidrada na televisão que pensei que ela estivesse possuída por alguma espécie de droga. Parece que quanto mais o programa for ruim, mas substancias alucinógenas eles lançam sobre a visão dos espectadores. Interpelei aquela "viagem" e perguntei:

"-Vovó, a senhora conhece essa atriz?"

"-Não."

"-E por que a senhora quer saber como ela decora a casa?"

Ela entendeu o recado, e desligamos a televisão. Depois comentamos o fato do "trombadinha" que roubou o "pisante" do vizinho aqui, ter dito logo após o delito: "faz tempo que eu queria um nike,doido!". A relação entre uma coisa e outra é bastante explícita. Mas como sabiamente disse minha vó, pra fechar a conversa e tomarmos café, "vai entender esse mundo..."