quinta-feira, 30 de agosto de 2007



Como é bom voltar pra casa. Como é bom quando o coração coloca as malas de lado, tira os sapatos e anda descalço e de roupa de mendigo por aí, sem precisar explicar muito e nem falar demais. Tem horas em que tudo o que a gente precisa é não ter a obrigação de falar nada. E mesmo assim, se sentir infinitamente ouvido. Como é bom ter alguém assim, como essas minhas mães, do lado. Eu chego na casa delas e só pelo sorriso e pelo abraço já sinto como se elas dissessem no pé-do-ouvido:"Que bom que vc está aqui!". Aí vou tomar banho e está lá, o banheiro todo arrumadinho, com um sabonete novo pra mim. Isso me faz ter a certeza de que são os pequenos gestos que nos fazem nos sentir verdadeiramente amados. Amados como somos, sem precisar agradar, sem precisar de poses e de piadas, sem precisar que a gente tente parecer o mais legal possível. Amados como a gente é de verdade. Um abuso ou um doce, mas como a gente é.Eu não sei se vc tem uma Vovó Tina ou uma irmã-mãe Marília na vida,além de uma mãe de verdade como a minha. Mas todos deveriam ter ao menos uma. Todos deveriam ter alguém que faz a comida que vc mais gosta, só pra ver vc feliz. Ontem foi aniversário dela. Eu dei 2 canequinhas de presente, pra gente tomar leite com nescau, quentinho, depois da novela. E assim aconteceu. E essas cenas me fazem a pessoa mais realizada do mundo. Assim mesmo...só com as duas canequinhas. ;)

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O mundo de Leland...


Ontem assisti 'O mundo de Leland' (dica incrível do André) e até agora me sinto meio fora de órbita. Geralmente os filmes mexem comigo de uma forma que preciso de uns 30 minutos depois do final para me recompor.

Mas,o Leland ainda não me saiu da cabeça. Tudo bem, é um filme típico da sociedade americana, que por vezes busca justificar atos extremos de seus adolescentes problemáticos, mas vi no filme uma sensibilidade que me tocou de uma forma assustadora. Chorei a noite inteira copiosamente e,por favor, não me perguntem por quê. Talvez seja a maldita TPM que me afoga em lágrimas, não sei. O que posso afirmar é que não é choro de tristeza, nem de alegria, nem de sentimentos que têm nome. Acho que foi a forma que meus olhos deram para me chamar atenção para outra forma de ver as coisas. Parece que essas lágrimas são sinônimos de confetes de alegria por, enfim, esses meus olhos castanhos, tão acostumados às mesmas visões, conseguirem enxergar o essencial (embora segundo Exupérry, 'o essencial seja invisível aos olhos'...).

Acordei meio atordoada com o filme e como de costume, agi de impulso, e , sem alarde, peguei um ônibus para a casa da mina avó, que fica a 130km da minha casa.

No caminho, um homem fez um discurso para vender jujubas. Seria uma cena cotidiana se não fossem suas palavras e o meu terceiro olho vendo além. Ele dizia :

"Apesar de ninguém me olhar, peço 1 min da atenção, porque do mesmo jeito de vcs, eu também tenho vergonha.Mas esse é o único jeito de fazer meus filhos continuarem na escola."

Aquele homem percebeu que ninguém o olhava. E isso é mais comum do que ele pensa... enquanto eu pensava nisso, olhava pra ele com os olhos marejados,na tentativa de fazê-lo acreditar que não estava só.Não lembro literalmente, mas o Leland disse no filme:

"Há duas maneiras de ver a tristeza. Uma é enxergando-a em todos os lugares. A outra é fingindo que ela não existe e ignorando-a nos outros."

Eu estava tão envergonhada de estar chorando que mal consegui perguntar o preço da jujuba. E eu só tinha R$0,25 e o seu custo era de R$0,50. Falei: "Não precisa da jujuba.É só para lhe ajudar mesmo." Qual não foi minha surpresa ao receber o doce e ouvir sua réplica:

"Não precisa da moeda. A jujuba é o pagamento por você ter sido a única a olhar pra mim. Obrigado". E ele se foi.

São essas pequenas frases que marcam toda uma existência. E a minha, confesso, jamais será a mesma. Não só por esse acontecimento carregado de significado, mas sobretudo por notar que Deus viajava comigo o tempo todo, ali do lado, me dando pequenas lições de vida.

Mas eu continuava sentindo a tristeza latente ao meu redor, e à medida que o ônibus chegava na rodoviária, eu já não me importava de pingar as gotas de colírio para disfarçar as lágrimas. A desesperança tomava conta e eu ficava perguntando a Deus porque afinal, ele não decreta o fim do livre arbítrio, que faz as pessoas sofrerem com os atos de outras, numa cadeia indefinida de acontecimentos, e baixa logo um ato intitucional obrigando a humanindade a ser melhor,mais feliz.


Mas, de súbito, as minhas lágrimas me fazem olhar pra baixo. E eis que o improvável acontece: no meu pé, encontro um terço de dedo (aqueles pequenininhos) com uma imagem de N.Sra. Aparecida. Chorei mais do que nunca, mas sorrindo.

Resposta melhor Ele não poderia ter me dado. Se eu não tivesse triste, as lágrimas não escorreriam, eu não teria olhado para baixo e a esperança não haveria de estar ao meu alcance...

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Coração de Gelo?



Engraçado como nós mulheres, apesar de todos os signos e ascendentes, cores e tons diferentes de cabelo, personalidades contraditórias, passionais, intrigantes, mulheres loucas, santas, negras, brancas, mamelucas (sempre adorei essa palavra bonitinha), tão diferentes umas das outras, mas no fundo, tão parecidas. A gente pode gritar por independência (ou morte!) , pode proclamar aos quatro ventos que é descolada, segura de si, que é muitíssimo bem resolvida, mas a verdade é que nós ainda precisamos evoluir um bocado em relação à nossa área afetiva. E digo isso sem medo de errar, porque mesmo para as mais desapegadas, ainda existem aqueles pequenos apegos que nos tiram do sério, do tipo não esperar "aquele" telefonema, mas também não desgrudar do telefone...Se sentir bem quando chega aquelas mensagenzinhas lindas antes de dormir, mas se no outro dia ela não chega, já é aquele drama. Se ele nos diz que pensa em nós o dia inteiro, temos certeza de que ele é um don-juan de meia tigela, mas se ele não nos diz isso ou nos diz depois de perguntarmos (pergunta ridícula: Pensou em mim?...), ficamos com a impressão de que ele não está nem aí. Aí, para descontar, "também vou ficar nem aí " e o cara não entende nada. É uma confusão só.

Por isso que quando uma mulher não está apaixonada, depois de um tempo de sofrimento ou de lamúrias por um fim de caso qualquer (outros nem tanto), quando ela enfim, resolve tomar as rédeas da sua vida, fica aquela sensação de medo quando algum cara legal nos convida para sair. Não porque tenhamos medo do coitado, mas é aquele medo infeliz de se apaixonar, de se envolver, de começar toda aquela rotina estafante que só nós mulheres temos: de ver as msgs antigas, de ficar pensando no indivíduo no meio do capítulo de Processo Civil, de reprisar todos os momentos em que o friozinho maldito instalou-se na nossa pobre barriga.

Por isso eu sempre digo que é perigoso se apaixonar, e tenho fugido disso como o pobre diabo foge da cruz. Não quero virar mulherzinha de novo. Quer dizer...se é que eu deixei de ser. ;)

Deve ser tão bom ser homem, poder ter uma paixão avassaladora por uma mulher, e continuar sua vida normalmente, tomar um chopp com uns amigos e se virar para olhar os derriéres que passam à tôa ...(eu nunca entendi como eles podem se dedicar com muito mais afinco ao trabalho quando levam um fora, enquanto nós largamos tudo e falamos aquela famosa frase: "não consigo fazer mais nada, só penso nisso...") . É, mulherzinha, temos muito o que aprender com estes seres tão mais simples, e talvez por isso é que as pesquisas ainda apontam que eles ganham mais dinheiro que nós. Eles merecem, oras. :)

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Amigas...



Minha amada amiga Camila Carol, que eu considero mais irmã do que amiga, me mandou esse e-mail desaforado e lindo, e eu resolvi postar aqui, afinal, ela merece! :) Amo-te, panga.

p.s:Se eu não citei algum nome, não significa que as demais pessoas não têm importância!smplesmente foi uma forma de agradecer os elogios, ora bolas! :P


"Descobri pelo "orkut" que uma determinada "amiga minha”, tem um blog.
Fui a esse blog...fazer uma visitinha, mesmo sem ter sido convidada para tal.
Muitas vezes já lia no fotolog, os textos tão verdadeiros e sentimentais, que parecia vir da alma dessa amiga e fui lá, no tal blog, ver como andavam os tais textos dessa pessoa, que escreve exatamente as coisas que eu também penso e temos quase sempre a mesma opinião. Uma pessoa, "louca" e poderia dizer, “imperfeita” como eu...mas com a dose certa de ousadia, diferente da minha discrição e da minha inexpressividade externa de emoções internas.

Ao começar a ler o blog, me deparei com nomes de leitores que ela citou, e lá, não existia o meu nominho, de todos que ali estavam, eu não sabia quem era nenhum.
Mesmo sem ter sido citada, quero que saiba que sou leitora, quase que assídua, dos seus textos, te admiro muito, por tudo e não cabe em palavras o tamanho dessa admiração.
Essa admiração não é pelo fato de você ter quase sempre opiniões semelhantes as minhas, mas sim porque você consegue expressar em palavras tudo que pensa e exteriorizar tudo que sente.

Amiga, vc é especial demais! É imensurável o valor da sua amizade em minha vida.
Esta semana em Alagoa Grande, foi tão bom, esses dias lá deram um UP na minha vida! Repensei várias coisas...e passei a dar valor a outras tb...

Sabe...tem coisas que o dinheiro não paga e são essas coisas que nos dão força de seguir a vida!

Conheci pessoas extremamente diferentes de mim esses dias, que a cada dia conhecia mais um pouquinho e embora não tivessem grana sobrando, dava pra perceber como eles eram felizes com aquela forma que escolheram de viver a vida. Pessoas que fogem da perfeição e que são felizes por isso! Não existe o normal, nós é que determinamos o que é normal ou não. Pra mim, não é normal a pessoa fumar maconha todo dia pra se tornar mais criativo, mas sei que para algumas pessoas, é como se fosse como um café da manhã, e na vida deles é normal. A perfeição nos molda, nos exclui, nos torna arrogantes, nos plastifica. É por isso amiga...que sou “imperfeita”, aceito todas as diferenças, não sigo regras e sou uma “louca com Juízo”, disposta a passar noites em claro escutando estórias de vida de pessoas “imperfeitas”, pois na maior parte das vezes são estas pessoas que têm muitas histórias pra contar e pra nos acrescentar.

A melhor coisa da vida é seguir caminhos diferentes dos que já estamos acostumados a andar, é caminhar à noite quando cansamos de caminhar na luz do dia, mas não parar de caminhar nunca.

Lá em Alagoa Grande, li um texto...ele mexeu comigo sabe, e acho ele bem a cara do que vc escreveu no seu blog. O oficineiro de grafitagem deu esse textinho de Clarice Lispector, para o pessoal da turma dele, que vc com certeza conhece:

MUDE (Edson Marques
)

"Mude, mas comece devagar,porque a direção é mais importante que a velocidade.Sente-se em outra cadeira,no outro lado da mesa.Mais tarde, mude de mesa.Quando sair,procure andar pelo outro lado da rua.Depois, mude de caminho,ande por outras ruas,calmamente,observando com atençãoos lugares por ondevocê passa.Tome outros ônibus.Mude por uns tempos o estilo das roupas.Dê os teus sapatos velhos.Procure andar descalço alguns dias.Tire uma tarde inteirapara passear livremente na praia,ou no parque,e ouvir o canto dos passarinhos.Veja o mundo de outras perspectivas.Abra e feche as gavetase portas com a mão esquerda.Durma no outro lado da cama...depois, procure dormir em outras camas.Assista a outros programas de tv,compre outros jornais...leia outros livros,Viva outros romances.Não faça do hábito um estilo de vida.Ame a novidade.Durma mais tarde.Durma mais cedo.Aprenda uma palavra nova por dianuma outra língua.Corrija a postura.Coma um pouco menos,escolha comidas diferentes,novos temperos, novas cores,novas delícias.Tente o novo todo dia.o novo lado,o novo método,o novo sabor,o novo jeito,o novo prazer,o novo amor.a nova vida.Tente.Busque novos amigos.Tente novos amores.Faça novas relações.Almoce em outros locais,vá a outros restaurantes,tome outro tipo de bebidacompre pão em outra padaria.Almoce mais cedo,jante mais tarde ou vice-versa.Escolha outro mercado...outra marca de sabonete,outro creme dental...tome banho em novos horários.Use canetas de outras cores.Vá passear em outros lugares.Ame muito,cada vez mais,de modos diferentes.Troque de bolsa,de carteira,de malas,troque de carro,compre novos óculos,escreva outras poesias.Jogue os velhos relógios,quebre delicadamenteesses horrorosos despertadores.Vá a outros cinemas,outros cabeleireiros,outros teatros,visite novos museus.Se você não encontrar razões para ser livre,invente-as.Seja criativo.E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,longa, se possível sem destino.Experimente coisas novas.Troque novamente.Mude, de novo.Experimente outra vez.Você certamente conhecerá coisas melhorese coisas piores do que as já conhecidas,mas não é isso o que importa.O mais importante é a mudança,o movimento,o dinamismo,a energia.Só o que está morto não muda !Repito por pura alegria de viver:a salvação é pelo risco, sem o qual a vida nãovale a pena!!!!
"

Eu não vou negar, concordo em gênero, número e grau, com todas as palavras, vírgulas, pontos, exclamações e interrogações que Clarice escreveu nesse texto!

E tento praticá-lo, nas coisas mais simples....eu que como dos mesmos sabores de sorvete sempre que vou a sorveteria, lá em Alagoa Grande, fiz diferente, comi de tapioca, de cachaça, e só continuei com o de nata goiaba. E pode crer, me fez um bem enorme, essa pequena e quase insignificante mudança. Só nós mesmos sabemos o valor das mudanças em nossas vidas, só quem vive sente!

Amiga....quero ver se vc não vai escrever um livro um dia. Pense nisso....

AMO VC minha amiga!

E conte comigo a qualquer momento...posso ser sua auxiliar no desenvolvimento do livro...hehehehe

Grande Beijo!"

sábado, 25 de agosto de 2007

"Livra-nos da Perfeição"

Antes de mais nada, gostaria de registrar aqui a imensa alegria de ver pessoas lindas gostando do que escrevo aqui. Muito obg pelos scraps de Luís Henrique, André Otto,Alberto,Danilo,Olívia (que, por tabela, disse que sua prima,Ingrid e Cybelle tb gostaram), além dos posts de Poli, minha querida leitora fiel (falta Andréa aparecer aqui!), "Maria"e "Katarina" que eu não conheço ainda, mas peço logo para me adicionarem no orkut (http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=5729535363834875301 ) pra gente tricotar on-line,hehehe. Bom, aos anônimos, aos curiosos, aos meus amigos e aos inimigos que eu tiver (nunca se sabe, afinal...), muito obg pela atenção. Dado o abraço apertado, vamos comentar aqui o título do post:

Livra-nos da Perfeição...

Antes que me acusem de plágio, esse título na verdade é de um livro de um antropólogo americano(Ricardo Peter) que fala dos limites que cercam nossa condição humana. Quem comentou sobre ele foi Fábio de Melo, e achei excepcional este título. Mesmo que eu ainda não tenha tido o prazer de ler este bendito (deve ser bendito, mesmo!), digo que apenas essa frase já deveria se transformar na nossa oração de cada dia. Afinal, parece que quanto mais nos esforçamos para sermos perfeitos, mais nos esquecemos de viver de verdade.
Conheço muita gente, mas muita gente mesmo, que sempre busca fazer tudo certo. O próprio mundo que a gente vive nos cobra isso o tempo todo, vc tem que ser o modelo, o responsável, o diplomático, o equilibrado, o culto, o bom, o exemplo. Engraçado que as pessoas vêem isso como se desenvolver. Na verdade, eu acho que na medida em que colocamos tais padrões como metas, acabamos nos esquecemos que "nessa vida de Meu Deus" (como Vovó fala) , a gente 'não nasceu para ser exemplo, a gente nasceu para ser humano. Cada um do seu jeitinho. Ia ser muito melhor se a gente só se preocupasse em ser a gente mesmo, descobrindo nosso próprio caminho, desenvolvendo nossa autenticidade a partir das pequenas coisas. Quando queremos ser demais, acabamos não sendo p.. nenhuma, com o perdão da má palavra.
Acredito que é daí que surgem as mais diversas neuroses. Meu Pai mesmo, não consegue fazer nada que ele acha errado. Até aí eu concordo,afinal, daí vem a ética. Mas o pior, é que Papai acha quase tudo errado!!! As poucas coisas que ele acha certo, ele sempre faz. Só que o rol é tão limitado que parece aquela cena da caverna de Platão, em que a vida parece que se resume àquelas sombras, cenas repetitivas e amórficas. Eu sempre digo isso a ele, pra gente cutar o balde juntos e ir p/ praia tomar banho de mar, mesmo com umas contas pra pagar. Mas ele não me escuta, diz que é porque sou irresponsável. Na verdade, pelo brilho dos zóin dele, eu acho que ele queria isso. Mas o alter-ego que ele arrumou quer ser perfeito e disciplinado sempre, e é o algoz de Papai, mantendo-o preso no corpinho dle rechonchudo. Bom, eu avisei. Como tb estou lhe avisando agora. Não queira a perfeição.Prefira a humanidade. É muito mais intenso, mais vivo. Permita-se ser ruim, irresponsável, louco, desvairado de vez em quando. Não viva sempre para agradar quem quer que seja. Eu sempre digo que mesmo vc fazendo tudo certo, alguém vai falar mal de vc.Então, é muito melhor dar motivos pra isso, não? hehehe. Aliás, se ninguém fala mal de uma pessoa, eu sempre desconfio. Que diabos de pessoa esse indivíduo é? Se todo mundo é diferente, e o cara consegue agradar a todo mundo, certamente ele tem tantas máscaras "na manga"que já nem sabe qual sua verdadeira face. Bom, já falei muito e o sono me venceu. Fica a célebre frase de Freud para resumir tudo em um aforismo só:

"Poderíamos ser melhores se não quiséssemos ser tão bons".

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Pra relembrar...


Ontem fui à missa, depois de algum tempo de ausência...Aliás,eu diria um tempo de "ausências", no plural. Sabe quando vc fica meio ausente do mundo, das pessoas, das suas próprias idéias? é como se eu tivesse saído um pouco da órbita p/ me ver de outra perspectiva. Muito bom esse exercício.Olhar p/ nossa vida como uma espectadora. E aí? Vc gosta do que vê? é um programa excitante, um filme de ação, ou uma novela mexicana? No meu caso, eu vi uma simbiose de coisas. Vi a repetição de um monte de comportamentos que jurei não fazer mais, vi cenas que jurei não mais protagonizar...mas é isso, comportamentos se repetem com uma velocidade impressionante. É difícil mudar. Mas é difícil não mudar quando determinado comportamento já nos fez sofrer tanto.Chega a ser burrice, mas a gente faz. Complicado. E adivinha em qual área nós,mulheres, repetimos os mesmos erros? Bingo! ;) Essa aí mesmo. A droga da emoção, essa vilã que nos conduz com uma coleira. Mas depois de vc sair de cena (só um pouquinho, claro) e ver o dramalhão que a gente faz por coisas tão pequenas, a gente começa a tomar vergonha. Saia daí, se ponha numa cadeira, e veja a novela em q vc se meteu. Papelão,né? Se vc visse essa cena na TV, provavelmente não torceria pela sua personagem né? Bom,graças a Deus (sim, Ele mesmo, o diretor) a história voltou aos eixos. Nada de apegos.Nada de amores que nos fazem acreditar que nós não valemos tanto a pena.Nada de caminhos tortuosos,obscuros,confusos. Tudo tem ser limpo, claro, simples.Se não for assim, melhor seguir adiante. Certamente Deus guarda algo melhor ali na frente, tá bem pertinho. Hoje voltei a conversar c/ Deus. Qdo a atriz não segue o que o Diretor manda, fica tudo meio sem nexo.Quando Ele entra em cena, dizendo o quê e como fazer, o resultado fica melhor que uma película do Almodóvar. Tudo encaixadinho,intenso,bonito,feliz. É sério.Eu levantei há algum tempo a bandeira feminina do não-sofrimento.A gente, definitivamente,não foi feita para sofrer "por amor".Desapegue, abstraia, esqueça,respire,seja forte e leve ao mesmo tempo.Coloque na cabeça aquilo que Fábio de Melo diz: "Eu sou um solo sagrado...e antes de vc entrar nesse solo, tire as sandálias dos seus pés."Eu nem ia falar sobre amores, eu juro,até pq ando inteligente de novo(=não estou apaixonada,heheheh), mas como minhas leitoras, e aqui faço uma homenagem a todas elas-hehehe- andam queixando-se, resolvi dar uma mãozinha. E aqui vai outra sugestão: Quando vc for chorar por alguém ou por qq outra coisa, pare,respire, olhe pro céu e comece a cantar. Por dez segundos.A sua música favorita (desde q lhe traga bons sentimentos,não roedeira, please). Faça isso por 10 segundos. Depois, vc chora. Se conseguir, é claro. ;)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pequenos Contos...

(Foto:Rita Apoena)


Ele tinha a boneca na mão. Uma boneca sem manual, veio assim mesmo, tentando se descobrir por ela mesma. Veio clandestina, sem prazo de troca, sem garantia nenhuma. Boneca estranha. Mas bonita. Bonita porque é diferente das barbies e suzy´s tão iguais. Bonita assim, do jeito dela, como seu artesão a fez. Fez com gosto. Colocou dentro do peito da menina um coração almofadado. Vermelhinho. Só que esqueceu de preencher alguns espaços vazios. Só depois ele se deu conta. Aí já era tarde, porque a coitada da bonequinha vivia querendo um abraço, um colo, só para ver se aquele vazio chato ecoando no peito, passava. E passou quando ele a segurou. Descobriu umas belezas que nem ela mesmo tinha visto. Abraçava e acalentava o coração, enchia o peito da bonequinha com o mais terno dos sentimentos. Aquele que nos faz acreditar que o coração não serve apenas para pulsar. A meninha mal respirava, era só suspiros. Mas então, eis que a vida muda tanto, e ele se foi. Como assim??? é, se foi. Gostou de outra boneca, mais parecida com ele, e se foi assim. E a nossa menina ficou meio sem saber onde ir. Fazia frio naquele espaço vazio, tão quentinho antes... E aí ela começa a vagar, meio sem saber o que fazer. Mas começa a descobrir a força das suas pernas, dos seus pés e braços. Começa a pôr os pés no chão pela primeira vez. Vai descobrindo outras paisagens, descobrindo um espelho, que a ajuda a se ver melhor. Mas, infelizmente, o coração fofinho, ainda está vazio. O frio às vezes é devastador. E ela se encolhe, na tentativa de se proteger. Ela tenta encontrar alguém que possa substituir aquele que outrora lhe dava calor, mas as tentativas se frustram...Mas, então, o criador, o artesão, finalmente a encontra, depois daquele tempo todo que a procurava. E enfim, apenas assopra a chama que sempre existiu no coraçãozinho da boneca. E ela percebe, pela primeira vez, que aquele calor sempre esteve ali. Mas ela se acostumou a colocá-lo nas mãos de alguém... E então, ela parte, carregando consigo a centelha divina que irá guiá-la...pelo resto da vida.
Acabei de assistir o "Café Filosófico" da Cultura e, apesar do tema ser arte, teatro e se a arte imita a vida ou o contrário, a conversa acabou desbancando para o lado sentimental, de amores, egos e tudo aquilo inerente a falta de completude humana... Aquele diretor teatral, Gerald Thomas, que eu achava um porre, conseguiu me conquistar pela forma cética e no entanto realista de encarar o amor. Tudo bem, nada do que ele falou é realmente "novo", visto que seus conceitos remontam à Freud o tempo inteiro, no sentido de que o amor romântico nada mais é que a idealização de nós mesmos no outro, amamos o ser amado não pelo que ele verdadeiramente é, mas sobretudo, amamos parte de nós mesmos no outro, como se estivéssemos contemplando o que NÓS mesmos temos de belo e apaixonante. Um jogo narcisista e complexo, mas nem por isso,irreal. Gostei muito da análise, sobretudo pela esperança, lá no fundo, que ele vislumbrou...da existência sim, de um amor verdadeiro, mas que ele pelo menos, ainda não havia experimentado, que é aquele sentimento que une duas pessoas mesmo com o MUNDO INTEIRO CONTRA, como foi o caso de Sartre e Simone de Beauvoir e de Hannah Arendt e Heiddeger, ela uma judia pregando contra o totalitarismo e ele um adepto do nazismo...um amor que sobreviveu às tempestades.Depois do caudaloso encontro, do romance secreto e da paixão exaurida, a cada um restou seguir seu caminho. Nesse tipo de amor, eu realmente acredito. Amor com o "par ideal" não dá para acreditar muito. Se eu encontro o "ideal" é porque encontrei apenas a representação do que acredito ser melhor PARA MIM, para a satisfação do meu ego, dos meus desejos. E não existe nada de altruísmo nisso. Só narcisismo mesmo...:)
Engraçado que hj mesmo eu vi uma entrevista do Flávio Gikovate (aquele dos tempos da revista Cláudia...) em que ele falava de sexualidade, de como o sexo é relacionado com a raiva, e o amor é completamente dissociado do sexo. Ele descreveu o amor como algo que sempre estamos buscando, na eterna carência e busca de algo que "nos complete". Eu diria que aquela frase 'Penso, logo existo" no mundo de hoje, em que a gente vive uma eterna carência, deveria mudar para: "Amo, logo existo". Não sei explicar o amor, e talvez isso seja uma tarefa complicadíssima para qualquer um. Mas, juntando as opiniões do que vi hoje à minha, começo a achar que realmente conceituar o amor e mais ainda, vivê-lo é uma experiência rara. Não sei se o amor é tão lindo como o "mundo" prega. O que eu sei é que existe um sentimento terno, constante e estável por aí. Eu só consegui observá-lo praticando, com as pessoas que eu aprendi a amar. Os Paralamas já cantavam 'saber amar é saber deixar alguém te amar' e eu acho que é por aí. Amar se aprende amando, indo além do sexo, do ego, do mundo, das diferenças. E pra fechar, nada melhor que o Frejat cantando..."Eu procuro um amor que ainda não encontrei..." (e eu acrescentaria me perguntando se esse amor procurado realmente existe...de 'amorzinhos' eu já cansei...)

sábado, 18 de agosto de 2007

Mais Razão, por favor...

"Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Rifa-se um coração que, na realidade, está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões. Um coração inconseqüente e precipitado, que diante de um sorriso mais malicioso já está apaixonado. Rifa-se um coração que nunca aprende. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de paixões. Sai do sério e, às vezes, revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro, que tenha um pouco mais de juízo."

Clarice Lispector (ou meu alter ego famoso? hehe.)

Iniciando....

Vou aprendendo a mexer no blog. Ainda não sei. Mas a tentativa desesperada de desnudar-me me fez vir até aqui. O "Nú Canto" sintetiza isso: A possibilidade de tirar a máscara e se mostrar como se realmente é, se isso for possível...em um lugar onde a palavra de ordem é despir-se. Antes que me acusem de pornográfica, aos desavisados, digo que estou sempre me despindo, o dia todo, todo dia. Despindo-me de antigas idéias, de humores, de amores, de dores, de rimas. Despindo-me do que em mim não deveria estar, mas teima em continuar aqui. Portanto, peço licença ao falar da multidão que há em mim. Desvendando cada uma das minhas facetas, talvez um dia eu dê de cara com quem eu realmente sou.