segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Acabei de assistir o "Café Filosófico" da Cultura e, apesar do tema ser arte, teatro e se a arte imita a vida ou o contrário, a conversa acabou desbancando para o lado sentimental, de amores, egos e tudo aquilo inerente a falta de completude humana... Aquele diretor teatral, Gerald Thomas, que eu achava um porre, conseguiu me conquistar pela forma cética e no entanto realista de encarar o amor. Tudo bem, nada do que ele falou é realmente "novo", visto que seus conceitos remontam à Freud o tempo inteiro, no sentido de que o amor romântico nada mais é que a idealização de nós mesmos no outro, amamos o ser amado não pelo que ele verdadeiramente é, mas sobretudo, amamos parte de nós mesmos no outro, como se estivéssemos contemplando o que NÓS mesmos temos de belo e apaixonante. Um jogo narcisista e complexo, mas nem por isso,irreal. Gostei muito da análise, sobretudo pela esperança, lá no fundo, que ele vislumbrou...da existência sim, de um amor verdadeiro, mas que ele pelo menos, ainda não havia experimentado, que é aquele sentimento que une duas pessoas mesmo com o MUNDO INTEIRO CONTRA, como foi o caso de Sartre e Simone de Beauvoir e de Hannah Arendt e Heiddeger, ela uma judia pregando contra o totalitarismo e ele um adepto do nazismo...um amor que sobreviveu às tempestades.Depois do caudaloso encontro, do romance secreto e da paixão exaurida, a cada um restou seguir seu caminho. Nesse tipo de amor, eu realmente acredito. Amor com o "par ideal" não dá para acreditar muito. Se eu encontro o "ideal" é porque encontrei apenas a representação do que acredito ser melhor PARA MIM, para a satisfação do meu ego, dos meus desejos. E não existe nada de altruísmo nisso. Só narcisismo mesmo...:)
Engraçado que hj mesmo eu vi uma entrevista do Flávio Gikovate (aquele dos tempos da revista Cláudia...) em que ele falava de sexualidade, de como o sexo é relacionado com a raiva, e o amor é completamente dissociado do sexo. Ele descreveu o amor como algo que sempre estamos buscando, na eterna carência e busca de algo que "nos complete". Eu diria que aquela frase 'Penso, logo existo" no mundo de hoje, em que a gente vive uma eterna carência, deveria mudar para: "Amo, logo existo". Não sei explicar o amor, e talvez isso seja uma tarefa complicadíssima para qualquer um. Mas, juntando as opiniões do que vi hoje à minha, começo a achar que realmente conceituar o amor e mais ainda, vivê-lo é uma experiência rara. Não sei se o amor é tão lindo como o "mundo" prega. O que eu sei é que existe um sentimento terno, constante e estável por aí. Eu só consegui observá-lo praticando, com as pessoas que eu aprendi a amar. Os Paralamas já cantavam 'saber amar é saber deixar alguém te amar' e eu acho que é por aí. Amar se aprende amando, indo além do sexo, do ego, do mundo, das diferenças. E pra fechar, nada melhor que o Frejat cantando..."Eu procuro um amor que ainda não encontrei..." (e eu acrescentaria me perguntando se esse amor procurado realmente existe...de 'amorzinhos' eu já cansei...)

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