quinta-feira, 13 de dezembro de 2007


Voltaire uma vez falou que a primeira lei da natureza seria perdoar reciprocamente nossas tolices, já que, como seres humanos , estamos sempre empedernidos de debilidade e erros. Seria bom se assim fosse, mas o fato é que, além de não perdoar diferenças, não sabemos conviver com elas. O ato de conviver por si só já é difícil, porque implica em termos que exercitar virtudes não tão comuns, como a paciência e o respeito. Mais do que isso, escutar o outro e desvendá-lo pelo indizível não é tarefa fácil para quem não possui interesse em perceber as belezas indevassáveis de cada um.
O que- sinceramente- sei é que para quem está "no alvo", é quase uma súplica interior que cada julgador implacável do outro lado saiba que não pode tomar o lugar de Deus na hora do julgamento. O que quero dizer com isso é que, ao se formar uma opinião sobre alguém, qualquer que seja, devemos incluir na conta o que não sabemos sobre elas. E talvez, depois dessa soma, não haja resultado a ser comprovado. Porque as pessoas não "devem" ser, elas simplesmente são.
A música do Titãs fala da dor que cada um traz no coração, e eu adicionaria à letra tudo o que ronda esta parte que, metaforicamente, detém todas as emoções do mundo em um só lugar. Meu pai sempre diz que "coração é terra que ninguém anda" e essa frase carrega em si todo o peso da falibilidade que qualquer julgamento apressado pode conter. Não raras as vezes a imagem que alguém transmite de si é totalmente diversa daquilo que realmente é.Ninguém sabe do outro, sequer de si próprio, a não ser do que se sente, pela inevitabilidade do sentir. Assim como as palavras deste texto nem sempre se mostram fiéis à intenção do que pretendo expressar, as pessoas em sua gênese, encontram-se nas entrelinhas, naquele espaço abstrato que ninguém é capaz de alcançar.
Portanto, sejamos mais amenos nas opiniões formadas sobre todos (parafraseando o mestre Raulzito) que despejamos por aí. Cada um sabe quem escolhe para conviver, mas a ninguém é dado o direito de ensinar como viver. Até porque ninguém sabe mesmo...

3 comentários:

Unknown disse...

Esse sem dúvidas entrou para a minha lista de favoritos! Amei o texto! E me veio numa hora apropriada...Beijo.

Unknown disse...

Gostaria de saber da autora de onde vem tanta inspiração para estes quase que diários artigos?
Interessante que eles tem multiuso (servem para reunião de EJC, de discussão filosófico-etilista, até mesmo de bom dia, boa noite ou até amanhã - se existir é claro) :D

Luana Magalle disse...

Você tem toda razão...até mesmo no que concerne à "omissão"!

O texto tá lindo!

Beijos!