sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Ciências Exatas


Hoje eu conversava com Luana sobre a não-necessidade de exatidão nas coisas pelas quais passamos. Por que essa história de sempre entender, explicar, esmiuçar, e todos os verbos que mais confundem do que explicam? Como dizia a Clarice Lispector, não devemos nos preocupar em entender porque viver ultrapassa todo e qualquer entendimento. Do mesmo modo uma das comunidades que participo no orkut anuncia:"eu não sei, eu sinto". A partir dessa descoberta, creio que ficamos mais livres para sugar cada néctar que a vida oferece. Não se preocupar tanto com o futuro e com o caminho das coisas, porque no fim, sempre vem algo melhor mesmo.


A gente conversava do quanto já erramos e do quanto tais erros serviram para que vislumbrássemos as coisas por outro ângulo. Pena que muitos ainda precisam quebrar a cara, porque o erro dos outros já não lhes serve de alerta. Eu falava de relacionamentos no outro post e uma amiga minha me disse que aquelas palavras lhe aliviaram, já que estava em meio a uma crise em que ela cobrava sempre mais e mais do namorado, para que ele se tornasse noivo. Essa situação não é incomum, muito pelo contrário. Nós,mulheres, sempre buscamos compromisso, muito mais até que o próprio sentimento. Só depois de duras penas é que aprendemos que o sentimento já traz consigo o compromisso, mesmo que este não seja revestido por uma auréola de ouro. Se existe satisfação no relacionamento,e a conseqüente felicidade(e esta faz toda a diferença), não há necessidade de se exigir nada. Se para ambos-e só nessa situação recíproca- é bom, naturalmente surge o desejo de que aquela circunstância seja perpetuada. Acredito que é assim que surgem os pedidos de casamento e os assemelhados,hehe. Como eu ainda não vivi essa fase, só posso falar da cobrança, grande inimiga das mulheres, que, ardilosa, se disfarça da necessidade de estabilidade.É como passar num concurso (me desculpem se minha neurose chega até aqui) : nem sempre queremos aquele cargo, que não é lá grandes coisas, mas o que interessa é a segurança, a estabilidade que ele proporciona. Do mesmo jeito é com nossa classe feminina, que tantas vezes ouço falar: 'casei porque foi o jeito'. Quanta resignação.


Deus é mesmo muito camarada com quem se dispõe a lutar para ser feliz. Lutar sim, porque ser feliz dá trabalho. Você tem que engolir um sapo e matar um leão por dia( metáforas zoológicas...) para atingir um estado de ânimo que lhe permita acreditar em dias melhores. Hoje o mundo tem um modelo de felicidade que simplesmente é insustentável. Como ter sucesso em todas as áreas, não ser deprimido ( e se isso lhe acontecer, engula um prozac), ser belo, atraente, bem-sucedido, ter casa, comida e roupa lavada,além de uma gorda conta bancária? Sem um desses itens, você é um fracasso.


Além de tudo isso,para nós mulheres, temos sempre que sonhar com um casamento dos sonhos. Se você não namora, surge a famosa frase " Não entendo como Fulana, tão bonita, não 'arranja' um namorado". Se vc namora, vem esta aqui "E aí? O que ele faz? (tudo para especular se há chances de casamento à vista...)" e se o tempo do namoro for se estendendo, nem se fala! ("Ainda não noivaram?"). E se noivar então...melhor parar por aqui. Não digo que toda essa gradação não é boa,ou divina. Já vi muitos casais que deram certo e exemplos estão aí aos montes. Mas, em todos eles, ninguém forçou nada, desde o início. Acho que é esse o segredo. Deixar que o tempo(ou Deus, ou a Vida, ou o Futuro ou qualquer outro sinônimo) se encarregue de pôr as coisas em seus devidos lugares. Acredito que, no fim das contas, a gente acaba vendo o que Exupèrry sempre diz, que "O essencial é invisível aos olhos"...


Para um relacionamento-ou a vida- dar certo, é preciso muita disposição e coragem, sobretudo para entender que certas coisas simplesmente não são exatas, muito menos quando se trata de pessoas, falíveis por serem humanas.Vou parar por aqui, porque esse post foi maior que o meu sono e esse poema de Pena Filho sintetiza isso tudo que falei, mil vezes melhor:


"Quando mais nada resistir que valha a pena de viver e a dor de amar e quando mais nada interessar (...) lembra-te que te resta a vida com tudo que é insolvente e provisório e de que ainda tens uma saída: entrar no acaso e amar o transitório."

4 comentários:

Edson Marques disse...

Viviane,

Belíssimo o teu texto de hoje - em todos os sentidos!


/// Abraços, flores, estrelas..

Virgínia disse...

tá mandanndoo verrrrrrrrrrrr heinnn!!!!....

Unknown disse...

Olá, sou prima da Maria Cecilia, faz um tempo que venho lendo seus textos e me identifico com muitos deles e este em especial. Vc escreve maravilhosamente bem, parabéns!!!

Bju.

Vivianne disse...

Puxa, muito obrigada!!!! :)