quarta-feira, 23 de julho de 2008

Vida longa aos caçadores!


Desde que eu li a célebre frase de Nietzsche,"Torna-te quem tu és!", há algum tempo (pra não dizer muito tempo) venho tentando me tornar exatamente aquilo que eu sou, ou quem sabe, que eu deveria ser. Nessa viagem "pra dentro", tenho descoberto coisas incríveis, outras,assustadoras.
Na Bíblia há uma parábola que fala do joio e do trigo, que um dia serão separados, e o joio queimado, enquanto o trigo será colhido. Fico pensando se nós realmente somos apenas 'joio" ou "trigo". Me sinto constantemente dividida entre os dois, como se minha personalidade- humana,pra salientar- me fizesse errar e acertar o tempo todo, sem que haja resultado prático a ser efetivado. Como saber se tudo aquilo que fiz certo não foi esquecido em virtude de um grande erro? E como o erro repercute na minha vida? Erro menos ou erro muito mais? Como descobrir quem somos, sem saber quem não somos?

Com o tempo, percebemos realmente a nossa essência, o que deixamos pra trás, o que levamos conosco. Chega aquela hora em que você pensa:" Se eu tivesse a maturidade que tenho hoje, tanta coisa teria mudado...". Acho que é esse o caminho da descoberta de quem a gente é de verdade. Vamos nos tornando quem realmente somos. É quando muita coisa passa, enquanto algo permanece em nós. Pode ser um valor que você acreditava que não mais possuísse, porque era outra época. Pode ser a idéia que você tinha de felicidade e que deixou de lado porque os tempos são outros. E no fim, percebemos que muita coisa que abandonamos, na verdade, não nos abandonaram.Estão escritos em pedra, mesmo que queiramos reescrevê-los sobre a areia.

Do mesmo modo, há valores que definitivamente, não são nossos. No meu caso, perdi um tempão com valores errados, que não eram meus. Todo mundo queria tanto aquilo, que eu achei que querer também era quase um dever. O tempo vai mostrando quem a gente é, e quando isso acontece, tudo se torna tão claro que não dá para entender como um dia, pusemos um peso em nós quando na verdade tínhamos uma pena, que ao menor sinal de vento, voou. O meu lugar era outro ( como diria, poeticamente, o Milton Nascimento..."Vou me encontrar,longe do meu lugar...Eu, caçador de mim").

É importante sabermos exatamente o que nos faz feliz, e não comprar qualquer modelo solto de felicidade. Saber abdicar do "inabdicável", ir em busca do que, definitivamente, nos faz bem. Pode soar mal aos ouvidos de quem ainda não se descobriu, mas é melodia pra quem sabe o que se leva da vida. Com o perdão da propaganda do Pão-de-Açúcar, sempre é bom perguntar a si mesmo: "O que te faz feliz?" e ir atrás da resposta. E rápido!

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