quinta-feira, 21 de junho de 2012

Amor Concreto

Um dia meu pai adoeceu e o levei ao Hospital da Unimed. Enquanto ele adormecia tomando soro, fui lanchar em uma lanchonete próxima dali. Enquanto comia, vi um cartaz que pedia ajuda a uma menininha de 11 anos, acometida por uma síndrome (Guillan Barré) que a deixara tetraplégica e em estado vegetativo. Perguntei à dona da lanchonete , quem era aquela menina, e a moça se surpreendeu com a minha pergunta. Disse que aquele pedido de ajuda estava ali há um ano, e nunca ninguém havia perguntado nada. Ela me deu o endereço (na 1ª rua à esquerda da Unimed, última casa do lado direito) e conheci Jamyle em junho de 2006. Me lembro muito bem de como cheguei lá, envergonhada, sem saber muito bem por que eu estava ali e sem ter muito a oferecer. Eu era estagiária, lisa, juntando dinheiro para me formar no fim do ano com direito a festa e vestido. Quando olhei Jamyle, vi que seu olhar era doce, seu sorriso era limitado, mas sua vontade de viver era algo quase palpável. Conheci seus pais, Amaury e Joelma, grandes exemplos de pessoas de fé e que levam a esperança como lema de vida. Nunca em toda minha vida, havia me deparado com uma situação tão triste e tão desesperadora: em uma dia Jamyle brincava com a irmã, no outro, sofria uma parada cardiorespiratória de 20 minutos na UTI  que a levaria a perder parte de sua mente. Mas esses pais persistiram na luta e assumiram a luta pela vida de Jamyle como missão.  Me lembrei muito do filme "O óleo de Lorenzo" e do seu final feliz.

Não sei por qual razão eu fui parar ali naquela casa, mas tenho a plena convicção de que a razão deve ser parecida com a que fez vc chegar aqui no blog. Deus deve achar que a gente serve para alguma coisa muito além dos nossos próprios interesses. Deus deve achar que a gente pode devolver para os filhos dele que estão sofrendo, o que conseguimos na vida. Eu acredito tanto nisso que resolvi, em 2006, ajudar Jamyle.
Fiz um pedido de doação de fraldas e leite em pó a todo mundo que eu conhecia, e comecei a visitar a família sempre. Conseguimos bastante coisa na época, Amaury e Joelma conheceram outras pessoas dispostas a ajudar e assim Jamyle foi melhorando pouco a pouco. Mas, infelizmente, vários médicos cometeram grandes erros, talvez pela negligência inerente a um paciente do SUS, e a evolução de Jamyle não foi rápida nem eficiente, apesar de significativa. 

Um dia, já em 2007, fui fazer um concurso em Brasília, tinha implorado ao meu pai pra pagar a passagem em 5x, que eu o devolveria depois. Me lembro bem que fui na Igreja de N.Sra. da Saúde, e lá fiz uma promessa que mudou radicalmente minha vida. Pedi, do fundo do coração, que Deus me ajudasse a conseguir um emprego estável, que me desse a chance de ajudar Jamyle  enquanto eu tivesse vida. Mas que se ELE não pudesse me atender, que pelo menos eu tivesse algum dinheiro para ajudá-la sem precisar pedir a ninguém. Deus me ouviu. Comecei a fazer audiências para um escritório de Belo Horizonte e comecei a ganhar alguns reais, dos quais alguns eram destinados para comprar fraldas e água rabelo.

Então Deus me chamou no concurso de professor da UEPB. E depois me chamou para o concurso que eu havia feito em Brasília. E depois viu que eu precisava voltar. E eu fui chamada em um concurso que me dava um salário razoável, em um emprego estável, e que eu poderia visitar Jamyle sempre. Deus não só ouviu minhas preces, mas realizou meus sonhos.

E foi sempre para isso que estudei na vida: para cumprir minha missão na terra. Eu tenho plena convicção de que não estou aqui para fazer número, que há milhares de pessoas que precisam da minha ajuda, e que eu tenho que devolver à vida tudo de bom que ela me proporcionou. Talvez seja por isso que nunca me falta nada. Deus deve ter uma camaradagem especial com quem se preocupa com os outros...e olha que não precisamos ser  Madre Tereza ou Dom Hélder Câmara para conseguir enxergar um pouquinho quem está ao nosso lado...

E é por Deus que estou escrevendo aqui. Ele me mandou escrever e pedir ajuda, depois de eu ter levado Jamyle para se consultar hoje com meu neurologista.  Dr.Ussânio disse que ela teria chances de recuperação no Hospital Sarah Kubitschek, que tem filial em Salvador. Deus conseguiu uma vaga lá para Jamyle ter a chance pela qual ela espera há 7 anos: de ser tratada em um hospital de referência que pode ajudá-la a voltar a viver.

Eu sei que você que está lendo deve ter se penalizado com essas história, assim como tantas que você assiste na Liga (programa da Band), ou no Luciano Huck. Eu sei que vc tem um bom coração e gostaria de ajudar os outros, mas não sabe como. Eu sei que, se você lê esse blog, é porque você tem sensibilidade suficiente para dispor de um tempo para ler (ou ouvir) as pessoas. E é por isso que eu gostaria de te pedir, encarecidamente, que você fizesse um ato concreto de humanidade: ajude esta menina. Ela precisa de você. E se você está lendo isso, e tem um real disponível, é porque Deus te trouxe até aqui e te disse: "Meu filho, ajude esta minha filha, que eu vou te ajudar muito mais!". Digo isso por experiência própria.

Eu nunca pedi dinheiro a ninguém, mas neste caso, é por uma causa tão nobre que não me importo de pedir a ajuda do mundo inteiro. Os pais de Jamyle não tem condições de bancar a viagem, estadia, alimentação, remédios, etc, sozinhos. Não sabemos o tempo que ela ficará lá. O pai dela foi demitido do emprego. Agora é autônomo e faz banners, cartazes, etc. Se você não puder ajudar financeiramente, encomende algum trabalho para ele. Ou dê-lhe um trabalho. Ou fale com aquele seu amigo que é médico, ou tem um hospital. Quem sabe aquela sua amiga que é fisioterapeuta ou fonoaudióloga não poderia visitar Jamyle? Se alguém conhece algum deputado, prefeito...ou quem sabe aquela sua parente que mora em Salvador e pode ajudá-los lá? Você que trabalha no Governo, ou em um Hospital, você pode conseguir medicamentos, ou uma passagem. Ou qualquer coisa... Enfim, eu sei que você pode abrir outra janela agora no seu computador e depositar R$10, 20, um ou mil reais.

Não quero te pedir nada além do que Deus pode te devolver. Eu só gostaria que cada pessoa que lesse esse texto pudesse ajudar minha amiga de alguma forma. E pode ter certeza que é só um empréstimo. Deus nos dá muito além do que imaginamos, a partir do momento em que pensamos em aliviar algum sofrimento do nosso próximo. Que nós possamos ser concretamente a mudança que queremos para o mundo. Devemos sempre lembrar que Deus é a força que nos impulsiona  para fazer o bem. E é só isso que desejo: que você possa deixar a centelha divina que existe em você aflorar e lhe transformar em alguém melhor.  Obrigado por ter lido até o fim, e poder ajudar alguém que eu amo muito. Muito obrigada.

"Pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando.  (...) Coisas de amor são finezas que se oferecem a qualquer um que saiba cultivá-las, distribuí-las, começando por querer que elas floresçam. E não se limitam ao jardinzinho particular de afetos que cobre a área de nossa vida particular: abrange terreno infinito, nas relações humanas, no país como entidade social carente de amor, no universo-mundo onde a voz do Papa soa como uma trompa longínqua, chamando o velho fraco, a mocinha feia, o homem sério, o faroleiro... todos que viram a banda passar, e por uns minutos se sentiram melhores."  
(Carlos Drummond de Andrade)


Telefone: (83) 3021-8527/ 9924-6785

Conta Corrente:
Caixa Econômica Federal
ag.0617 operação 013
Poupança nº 00014841-1
Amaury Rodrigues Vitorino

Se alguém só tiver conta no Banco do Brasil (eles não tem), podem depositar na minha conta (podem confiar, claro) e identificarem o depósito. Podem ligar, se quiserem, para Amaury perguntando se ele recebeu.  Faço questão de entregar o envelope com o dinheiro e com o nome do doador (você ganha uma oração poderosa e grátis!).




9 comentários:

Chris Tomaz disse...

Vivi, te encontrei hj depois do maior tempão, né?! Engraçado... com isso lembrei que não vinha aqui há tempos...

A doação é de qq valor? Seu celular é o mesmo? Queria te ligar...

Coisas do Brejo Bistrô e Mercearia Gourmet. disse...

Oi Viviane...
menina acho que não te vejo há alguns anos (desde a época do colégio) , nem sei como vim parar no teu blog, mas to muito afim de ajudar. anotei a conta do pessoal e vou fazer uma doação, mas como trabalho com redes sociais vou propagar tua ideia e ver se alguem mais pode ajudar ok? bjão

Coisas do Brejo Bistrô e Mercearia Gourmet. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana disse...

Oi Viviane,
A família mora em João Pessoa??

Vivianne disse...

Obg gente! A doação é de qualquer valor, Cris, e pode divulgar sim, Raíssa!!! Obg!!! Ana, a família mora em João Pessoa sim, mas tá tentando ter condições de ir p/ filial do Sarah Kubitschek em Salvador...e se Deus quiser, vai dar tudo certo!!! beijos!

Bruno Neiva Moreno disse...

Viviane, me passa teu email para eu enviar o comprovante de transferencia? VocÊ tem conta no Santander?

Bruno Moreno (brunoneiva@gmail.com)

Lila disse...

Olá Viviane! Li o seu relato e fiquei muito sensibilizada com a situação de Jamyle e seus pais. Assim como vc no começo, eu sou recém-formada, ainda não tenho emprego, mas sou fisioterapeuta e talvez possa ajudar com meu trabalho. Gostaria de saber se posso ajudar de alguma forma. Talvez, marcando uma visita a Jamyle. Se vc puder me passar o endereço direitinho e o telefone de contato dos pais... Aguardo o seu retorno! E parabéns pela iniciativa!

Vivianne disse...

Oi Bruno e Lila! Obg pela sensibilidade de vcs em ajudar, fico muito feliz!!

Bruno, infelizmente não tenho conta no Santander...mas damos um jeito!meu email é viviannefreitas2@hotmail.com.

Lila, a família mora na rua ao lado do Hospital da Unimed em João Pessoa, na Rua Elizeu Maul (todo mundo a conhece na rua), última casa do lado direito, de cor branca. Se vc puder ir lá, tenho certeza que será de grande valia!

Enfim, gente, não tenho palavras para agradecer essa corrente do bem que aumenta a cada dia. Só Deus mesmo para agradecer "concretamente" a cada um.

Abraços em todos!!!

Alana disse...

Emocionante, Viviane!