quarta-feira, 3 de junho de 2009

Fiquei tão feliz com os últimos comentários de vocês que vim aqui só pra atualizar esse nosso canto. Me sinto até meio responsável por fazê-lo, já que acredito no que a raposa disse ao pequeno príncipe (lembram, né?). E só pra colocar mais uma lenha nisso, saibam que vocês também me cativaram,e são extremamente responsáveis por este blog. Bel, querida, claro que lembro de vc, e ler seu comentário foi uma "epifania", dessas que nos fazem não saber bem o que dizer...muito obrigada.
Para os fiéis escudeiros que comentam sempre, só me resta agradecer muito mesmo porque são vocês que mantém a chama dialética acesa. E para os que leem, mas não comentam, também o mesmo agradecimento, pela mesma lógica, ainda que a chama acenda pelo "impulso vital". ;)
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Enfim,muita coisa acontecendo nesta semana me fez pensar em uma infinidade de assuntos pra conversar aqui. Talvez falar que, depois de me mudar de novo (em pouco mais de um ano, seis vezes...) e ficar doente mais uma vez ( em pouco mais de um ano, seis mil vezes...), eu poderia dizer que mesmo assim, ainda não cansei de mudar, e rezo para que eu não descanse tão cedo. O fato de estabelecer uma moradia, conhecer cada pedaço de um lugar, conhecer os vizinhos, comprar mobília nova, e depois vender, começar tudo de novo, me faz mais bem do que me cansa. Me sinto viva e mais disposta, apesar do cansaço (esse assunto a gente conversa no próximo post) . Comungo do mesmo pensamento de Guimarães Rosa:
"Mire e veja que o mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam."
Mas é inevitável não pensar na tragédia que interrompeu a busca de 228 pessoas. Ao ver na TV (pois é, as pessoas mudam rápido!) a história de cada passageiro, lembrei do livro "Por quem os sinos dobram", do Ernest Hemmingway, em que ele fala:"Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade." Fiquei pensando que talvez este seja o motivo que faz as pessoas entrarem em estado de contemplação e consternação, e um movimento de saber quem eram as vítimas e quais suas histórias de vida dê tanta audiência: vemos o quanto é triste histórias acabarem sem entendermos o final. Como entender que o casal em lua-de-mel não foi feliz pra sempre? Como interpretar a morte de alguém que levou uma vida para conhecer Paris, e foi interrompido há poucas horas de chegar lá?
Ficamos consternados por não entender e ao mesmo tempo, sabermos que nossa história também será interrompida, sem que possamos descobrir em qual capítulo será. E "quando morre um homem, morremos todos" porque uma parte dos nossos sonhos também morre, sobretudo o de achar que a eternidade é certa. Pode ser que não.
"Somos parte da humanidade" e isso nos une aos que já foram e aos que ainda virão, na busca para que os sonhos possam ser realizados antes de serem interrompidos. Acidentes como esse, assim como as milhares de "interrupções" que acontecem todos os dias devem servir para nos ensinar a morrer. Devemos não parar de escrever nossos capítulos, não deixar páginas em branco, fomentar enredos, personagens, colocar paixões, tristezas, suspense e tudo aquilo que faz de um livro algo memorável e digno de ser lido por outras gerações, ainda que inacabado.
Sejamos então incansáveis em viver. Lembro agora do livro "A menina que roubava livros", em que a "Morte" escreve:
"Às vezes eu chego cedo demais.
Apresso-me,
e algumas pessoas se agarram
por mais tempo à vida do que seria esperável."

7 comentários:

Paloma disse...

Bem vivi, você dialogou aí com vários clássicos. A começar do "Le petit prince": estava essa semana numa aula de francês e minha professora questionou a rotulação dele como 'livro de miss', ou seja, leitura bobinha; bem sabia eu que ela não concordaría com isso, tanto que nos ensinou: Não é um livro bobo, boba é a leitura dos que não enxergam a profunda filosofia de exupéry. Realmente, andei pensando que ele conseguiu que crianças novas e velhas sentissem sabores diferentes e em cada leitura sensações novas surgissem.
Quanto à Guimarães Rosa, melhor escolha não há. Não se se você já Leu o livro: "Campo Geral", mais conhecido como Miguilin, uma criança encantadora. Eis um trechinho para você se deliciar:
“Mas Miguilim chorava aos gritos, sufocava, os outros vieram, puxaram Miguilim de lá. (...) Mas aí, no vôo do instante, ele sentiu uma coisinha caindo em seu coração, e era tarde, que nada mais adiantava (...) Soluçava de engasgar, sentia as lágrimas quentes, maiores do que os olhos”

Bem, espero que esteja tudo bem.
(marília nasceu pra ser professora viu? - só não conta a ela pra não se empolgar)
bj

Unknown disse...

Eu já disse que sou tua fã? Quando vc lançar seu livro vou dizer a todo mundo:"Minha amiga desde pequenininha..." =p
p.s.: seus posts têm feito sucesso aqui no trabalho...=)

Luana Magalle disse...

Vivi´s...

"eu te desejo não parar tão cedo..."

Beijos

Shi Oliver. disse...

Nossa!

Como alguém pode ser tão "auspiciosa" com as palavras?!

Já acompanho seu blog há algum tempo moça. Consegues mesmo ser "sui generis" quando escreves.

Abraço. =)

Camila Carol disse...

É amiga... mesmo que nos agarremos firmes a vida, um dia ela vai embora! No dia da batida, antes de bater disse alto: "Bati o carro!" Pois sabia que não ia dar tempo freiar... Pensei em muitas coisas no pós, inclusive que nossa vida é bem vulnerável. E pensei que talvez quando se morre, assim como as pessoas do avião, as vezes dá tempo de dizer: "Eita, morri!"... e um segundo depois a vida já não existe mais.

Engraçado esta vida!

Amo você! Beijos...

Shi Oliver. disse...

Pois é moça, este teu post me faz lembrar o desfecho do filme "A Insustentável Leveza do Ser", um dos meus preferidos. Depois de uma saga Homérica em busca de realização pessoal e satisfação do ego, Teresa e Tomas descobrem a completude na simplicidade de algo inesperado, o retorno.
Penso que a morte dos personagens remete a este estágio final de "levesa do ser", uma vez que "viver" consiste em escolhas, contratempos, sequências desordenadas, inconstantes e por isso, insustentáveis!

Um beijo e continue escrevendo.
ps.: ah, claro que podes postar minhas frases aqui sim, sentiria-me extremamente lisonjeada! ;)

Anônimo disse...

minha amiga...