domingo, 24 de maio de 2009

O poema "Versos" da Cecília Meireles, é um dos meus prediletos. Mas nunca ele me pareceu tão simples de entender e tão profundo, certeiro. E eu acabo descobrindo que a poesia cura.


"Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça: que me conforme em ser sozinho.
Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo, e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.
Temos um medo:
Acabar.
Não vês que acabamos todo o dia.
Que morremos no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.

Que nos renovamos todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.

Que somos sempre outro.
Que somos sempre o mesmo.

Que morreremos por idades imensas.
Até não termos medo de morrer.
E então seremos eternos”

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