
Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas
Dos planetas
Derrubando
Com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa...
Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse
E eu não pude acreditar
Mas você pode ter certeza
De que seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão...
Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia
Sem explicação...
Engraçado como pensamos sempre em definitividade na vida, sem nos darmos conta de que a própria vida também acaba. O mais bonito de pensar na provisoriedade do tempo é que ao sepultarmos alguma coisa, acabamos por abrir espaço para tudo que ainda virá. E é bom saber que não apenas um segundo sol pode existir, mas também uma segunda face de nós mesmos quando a primeira já não nos cabe. Apesar da história falar de relacionamentos(e,acredite, sempre haverá um segundo sol), acho que a gente pode pensar na música de uma maneira mais ampla ou quem sabe, mais restrita, já que podemos olhar pra nós mesmos.
Ontem liguei a TV (tira-visão) na hora em que uma mulher, sorridente e paraplégica, falava pro Luciano Huck: "Quando eu fui atingida por uma bala perdida e perdi meus movimentos,Luciano, eu sabia que Deus iria me prover com tudo o que eu precisasse. Não pedi nada, apenas Saúde, para conseguir criar meus filhos, mesmo com as limitações. Acho que só há duas formas de viver a vida:uma é vivendo bem, a outra é não vivendo."
Aquela frase ecoou na minha mente por muito tempo. Fiquei pensando em quantas vezes achamos que não suportaremos uma situação, que a carga é pesada demais, que não vamos conseguir. Mas o 'segundo sol´existe, e 'sem explicação', descobrimos que o que éramos antes já não existe mais. Ressurgimos mais fortes, mais maduros, mais conscientes de tudo o que temos de bom e que ainda podemos ter. Acho que a criação, definitivamente, não acaba com o nascimento. Ela continua a existir em cada dia, quando nos recriamos, nos reiventamos, nos descobrimos. A Madonna está no topo por se reiventar a cada álbum. Acho que é uma dica sobre como a gente pode ser mais feliz. Nada de pensar no "para sempre" ou 'nunca", tampouco no "jamais". Vamos pensar que em cada momento, a vida nos exige mais de nós mesmos e que essa pode ser a nossa chance de descobrirmos tudo aquilo que a gente ainda pode ser. Quem sabe um dia, contar que vivemos "a vida que ardia sem explicação..."