segunda-feira, 12 de novembro de 2012


Nesta semana recebi um mandado para uma clínica psiquiátrica em Recife e fui até lá. Já visitei algumas, mas esta me tocou de uma forma muito profunda e triste. Enquanto eu esperava pela diretora para intimá-la, observei os pacientes no pátio. Cada um preso em sua própria cela: sua mente. Tentei escrever sobre o que senti, mas meus próprios sentimentos estavam tão confusos que só me restou fazer alguns rabiscos...


Louca Solidão

Ninguém merece viver à sombra de si mesmo
À espera do seu eu que se perdeu
Contando o tempo para se devolver
Olhando as horas sem minutos, sem sentidos

Ninguém deveria enlouquecer
Nem de amor, nem de dor
O desespero é a beira do absurdo
Onde nada tem uma razão
Só a solidão

Ninguém poderia se esquecer de si
Perder a paz que nos orienta
O sentido que nos equilibra
O afeto que nos sustenta

Ninguém gostaria de enclausurar-se
Em alguém que não lhe pertence
E aos poucos a distância aumenta
As pessoas esquecem, a prisão se estabelece
E só lhe resta o olhar vago
A madrugada do meio-dia
A visão de um só horizonte

Ninguém está à sua espera
E assim eles vivem, sós
A tal ponto que lhes falta
a sua própria companhia.

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