quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mãe ou Filha?


Fazia mais ou menos uns 20 dias em que eu, todas as manhãs, digitava os mesmos caracteres no Google: "ovulação, nidação, sintomas de gravidez, exame Beta HCG", etc, etc. O detalhe é que eu não tive nenhum atraso menstrual, simplesmente porque não consegui esperar por ele. Já me explico: Este mês, parei de tomar anticoncepcional por causa das minhas crises cada vez piores de enxaqueca, e não tive tantos cuidados contraceptivos, o que me fez acreditar piamente que eu estava grávida.

Essa ideia foi tomando minha mente a tal ponto que eu não conseguia mais fazer nada com atenção, meus pensamentos me tomavam por completo. Será que era a hora? Por que não melhorei como pessoa antes de me tornar mãe? Eu realmente posso criar um filho? Eu estou pronta? Meu casamento está pronto? Minha casa? Meu emprego é suficiente? Por que eu não emagreci antes? Como vou fazer com meus remédios? E Lá ia eu digitar mais termos no Google: remédios e gravidez, quais os alimentos fazem mal ao bebê, etc e mais etecetéras.

Enfim...pra quem não me conhece, Prazer, meu nome é Ansiedade (eu não deveria estar expondo toda essa minha neurose aqui no Blog, mas o final é feliz, prometo). Pesquisei tudo sobre todo o processo que envolve a concepção de um novo ser, e nunca tive tanto interesse nos direitos do nascituro (ou para outra teoria, sobre suas 'expectativas' de direito). Entendi tudo de folículos ovarianos, picos hormonais, espessura do endométrio e tudo sobre bebês, desde a concepção até a hora dele nascer (confesso que minha ansiedade deu trégua neste quesito, já que depois de nascer, eu já tinha uma certa ideia chamada Renan, meu sobrinho).
Bom, não preciso dizer que hoje, após eu já ter feito inclusive meus planos de estudos mais intensos nos primeiros meses, e de saber o nome do bebê, que com certeza, seria menino, minhas "regras", como diria minha avó, vieram, e...exatamente no dia certo. Não houve atraso, só antecipações.

Você pode estar achando que, pelo que eu disse, eu queria muito ter um filho, e que foi uma frustração não tê-lo concebido. Mas, não foi isso que aconteceu. Quando vi que não ia ser mãe agora, fiquei triste por alguns minutos e fui olhar o céu para tentar decifrar o que eu estava sentindo. Eu não queria ter um filho agora, estou tentando estudar e conseguir um cargo melhor, preciso emagrecer os quilos que ganhei durante o ano turbulento que passou, só agora pudemos reformar a casa, enfim, eu sabia que não era a hora certa de ter uma gravidez tranquila. Mas, nesses dias eu tive a sensação de que eu havia escolhido ter um bebê, e deveria "arcar" com as consequencias dessa escolha, e por isso, minha inquietude em tentar 'arrumar a casa' antes do filho chegar. Só que hoje é quarta-feira de cinzas. Hoje é dia de lembrar que daqui a 40 dias, eu tenho a obrigação de ser alguém melhor. E fui chamada a pensar em Deus.

Quando pensei nEle, me senti feliz por ter meus planos, tão confusos, frustrados. Lembrei que mesmo que eu queira bancar a existencialista e achar que tenho o total controle sobre minhas escolhas e meu destino, Deus vem, desarruma minhas certezas, e me faz saber que eu sou apenas uma gota derramada no mar. Me faz entender, mais uma vez, que os propósitos dEle para minha vida é que devem me governar, e não os meus desejos moldam o "Meu Deus". Ele não é Meu e nem nunca será. Deus só me faz pensar que eu não sou apenas uma peça extra nessa máquina maluca que é o mundo. Se eu estou aqui, é porque devo ter uma função, como ouvi ontem o Hugo Cabret ( Ou Martin Scorcese?) dizer no filme, e concordei.

Eu não estava muito próxima de Deus. Como poderia? Quando queremos ter o controle de tudo, até o Criador passa a ser Criatura. Levei mais uma surra da vida, e aprendi a colocar os pés no chão, com gosto de terra, de húmus, de onde deriva a palavra "humildade". Devemos ser humildes em reconhecer que há um propósito muito maior para cada coisa que acontece em nossa vida. Que ter ou não ter um filho não passa necessariamente por nossa escolha. Às vezes, é o próprio filho que já escolheu a mãe. Na hora e no lugar certo, nem antes, nem depois. Pra mim, hoje começa uma quaresma. Tempo de saber que a única preocupação que devemos ter é como podemos melhorar como pessoas. Quem vai fazer parte da sua vida, quem permanecerá, de quem seremos irmãos, amigos, ou quem iremos gerar não é necessariamente uma escolha nossa. Passa por ela, mas a palavra final é dEle. Descobri que, por enquanto, para aprender a ser Mãe, eu preciso antes, aprender a ser Filha... Filha do Céu.


3 comentários:

Michele Mota disse...

Lindo texto. Me emocionou...

nu canto disse...

Oi Viviane mais uma vez li suas lindas palavras me emocionei.Você escreve muito bem, realmrnte tudo

você disse é a pura verdade. Parabéns norinha querida. Deixe chegar a hora certa e tenho certeza que o bebê vai chegar pra completar sua felicidade junto a Elias. Beijo bem grande.

nu canto disse...

Oi Viviane mais uma vez li suas lindas palavras me emocionei.Você escreve muito bem, realmrnte tudo

você disse é a pura verdade. Parabéns norinha querida. Deixe chegar a hora certa e tenho certeza que o bebê vai chegar pra completar sua felicidade junto a Elias. Beijo bem grande.