terça-feira, 19 de outubro de 2010

Diferenças

Há três anos escrevi esse texto aqui no blog e continuo comungando da mesma opinião...


Voltaire uma vez falou que a primeira lei da natureza seria perdoar reciprocamente nossas tolices, já que, como seres humanos , estamos sempre empedernidos de debilidade e erros. Seria bom se assim fosse, mas o fato é que, além de não perdoar diferenças, não sabemos conviver com elas. O ato de conviver por si só já é difícil, porque implica em termos que exercitar virtudes não tão comuns, como a paciência e o respeito. Mais do que isso, escutar o outro e desvendá-lo pelo indizível não é tarefa fácil para quem não possui interesse em perceber as belezas indevassáveis de cada um.

O que- sinceramente- sei é que para quem está "no alvo", é quase uma súplica interior que cada julgador implacável do outro lado saiba que não pode tomar o lugar de Deus na hora do julgamento. O que quero dizer com isso é que, ao se formar uma opinião sobre alguém, qualquer que seja, devemos incluir na conta o que não sabemos sobre elas. E talvez, depois dessa soma, não haja resultado a ser comprovado. Porque as pessoas não "devem" ser, elas simplesmente são.

A música do Titãs fala da dor que cada um traz no coração, e eu adicionaria à letra tudo o que ronda esta parte que, metaforicamente, detém todas as emoções do mundo em um só lugar. Meu pai sempre diz que "coração é terra que ninguém anda" e essa frase carrega em si todo o peso da falibilidade que qualquer julgamento apressado pode conter. Não raras as vezes a imagem que alguém transmite de si é totalmente diversa daquilo que realmente é.Ninguém sabe do outro, sequer de si próprio, a não ser do que se sente, pela inevitabilidade do sentir. Assim como as palavras deste texto nem sempre se mostram fiéis à intenção do que pretendo expressar, as pessoas em sua gênese, encontram-se nas entrelinhas, naquele espaço abstrato que ninguém é capaz de alcançar.

Portanto, sejamos mais amenos nas opiniões formadas sobre todos (parafraseando o mestre Raulzito) que despejamos por aí. Cada um sabe quem escolhe para conviver, mas a ninguém é dado o direito de ensinar como viver. Até porque ninguém sabe mesmo...