terça-feira, 10 de agosto de 2010

Texto lindo que encontrei do Caio F. Abreu:


"Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em vc.
Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança.Não são pensamentos escuros, embora noturnos…
Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você.
Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro.
Quis tanto dar, tanto receber.
Quis precisar, sem exigências.
E sem solicitações, aceitar o que me era dado.
Sem ir além, compreende?
Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana.
Mas o que tinha, era seu.
Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente?
Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente?
Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê.
Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Tinha terminado, então.
Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas.
Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros.
De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento.
Ser novo.
Mesmo que a gente se perca, não importa.
Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro.
Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis...
E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura."

7 comentários:

Luana Magalle disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Cecília disse...

Que lindo texto, Vivianne!!
Beijos!

Luana Magalle disse...

Lindo texto mesmo!
Beijos

Alberto disse...

Eu cheguei a este blogue e logo o meu primeiro pensamento foi, como será possível alguém achar que tem intelecto e conhecer o mundo minimamente, quando se é assim, pobre em cultura e pobre em espírito. Nunca em minha tamanha viagem encontrei tal convencimento de existência relevante. Uma pessoa que se acha suficientemente interessante para se descrever como: "Como diria a Clarice Lispector,"eu sou um mistério para mim".". Frase que nunca ninguém deve ter dito antes de tal entidade da alta intelectualidade internacional. Como será possível a senhora se enganar tão redondamente sobre si mesma e contentar a sua existência com meia duzia de comentários simpáticos de pessoas hipocritas que não sabem muito bem o que dizem nem quando o dizem desde que seja certo que não haja nenhuma crítica negativa?

Muitos cumprimentos,
pode-me encontrar em albertofontescarvalho@sapo.pt

Vivianne disse...

Eu só posso rir, Senhor Alberto (Ele é um senhor, leitores). Seu instinto de perseguição a blogues despretensiosos já é famoso na internet e cá entre nós, me sinto até lisonjeada pela sua visita, pois como o senhor mesmo diz em sua página, " esse é o melhor elogio que me podiam dar, pois não há nada melhor para saberes que estás a fazer alguma coisa bem do que ter pessoas contra ti".
Nunca quis ser intelectual ou culta, muito menos tenho a pretensão de me achar entendora do mundo. O que faço aqui não é senão apenas uma tentativa amadora de interpretar as pequenas epifanias do cotidiano, sem maiores ambições. E como menina educada, costumo agradecer elogios, mas não os coleciono, porque no fim, quem me faz ser alguma coisa é o que verdadeiramente faço e não o que digo, nem o que dizem de mim. Muito obrigada pela visita e pelo contraponto. Faça seu marketing da maneira correta, e coloque seu pseudônimo certo: "Alberto contra o Mundo" - http://albertofontescarvalho.blogs.sapo.pt/

Franco disse...

Olá Vivianne...
Meu Deus!Quanta gente má nesse mundo, se bem que, este ao que me parece, está mais para louco.E falo sério, viu?!Se o perdão é necessários para os maus, abracemos os loucos também.

No mais, você é uma pessoa muito querida, que escreve maravilhosamente bem, encontra-se num momento da sua vida mágico, e que como bem deve saber, é não dar importância a quem não tem.

Sei que a gente se chateia...Também vez ou outra levo uma porrada daqui e dali, de onde às vezes a gente nunca espera.

Mas , assim como no meu blog, deixo aqui o trecho da fala de uma cena do filme do Chico Xavier em que, quando entrevistado por 02 repórteres já embuídos de preconceito, publicaram matéria na época para revista intitulada Cruzeiro no sentido de atacar o caráter de Chico acusando-o de charlatão no que Emannuel, ao perceber que Chico ficara chateado, lhe disse " Ah, chico, você foi apenas para revista Cruzeiro. Cristo foi para a cruz".

Querida Vivianne, a ele o perdão.A todos os outros que te acompanham a grandeza de seus sentimentos traduzidos em tantas belas palavras.

Bjão.

Vivianne disse...

Franco, muito obg pelas palavras tão gentis. O seu comentário apenas reforça a minha própria opinião, e a liberdade é maravilhosa justamente por isso: quem não quiser "me ler", não leia. Simples, não??
Cadê a propaganda do seu blog aqui?
Bjs! =)